O Bem Viver, programa do Brasil de Fato, traz uma reportagem especial sobre mulheres que atuam no futebol de várzea, a resistência e os desafios do esporte que tem ganhado cada vez jogadoras em campo.
"Isso tudo me interessa, porque o futebol de várzea também é muito mais do que só a prática ali dentro de campo e eu acho que isso também acaba atraindo tantas mulheres que nunca tiveram contato com isso antes. É toda uma sustentabilidade, rituais, a questão, do território, que é muito própria, que também acaba fazendo a gente ficar", explica Beatriz Calheta, estudante de direito e zagueira do time União Lapa, da capital paulista.
Jogar bola sendo mulher nem sempre foi algo fácil no Brasil. Proibido em 1941, na era Vargas, o futebol feminino só voltou a ser autorizado em 1979 e assim como qualquer proibição não se encerra quando se esgota no papel. Segundo a historiadora e pesquisadora Aira Bonfim, apesar da legislação proibitiva, as mulheres não se convenceram a permanecerem nas arquibancadas.
"As meninas vão usar as frestas para para brincar esse futebol, seja contra menino, junto com meninos e entre elas e isso vai acontecer já a partir de 1915, pelo menos no que a gente consegue documentar", pontua Aira.
Ainda assim, as marcas do decreto-lei de número 3.199, de 14 de abril de 1941 persistem até hoje.
"Então você tem por muitas décadas e até hoje os reflexos morais disso nas famílias, nas escolas, isso se reflete, né? Quantas mulheres têm acesso ao futebol? E eu acho que isso também é um pouco do que a gente é privada, quando é privada do futebol, é privada de um lazer coletivo e da capacidade associativa que isso tem também por essa congregação", afirma Beatriz.
Com pouco ou nenhum apoio do Estado, é preciso que o futebol feminino de várzea seja encarado enquanto política pública, defende Camila Goes, zagueira do União da Lapa e professora. A ausência de investimento, por exemplo, se revela em uma pesquisa produzida pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) com 95 times de várzea femininos da região metropolitana. O estudo mostrou que metade dos times sobrevive com doações e apenas um em cada três contam com algum patrocínio.
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"Esporte é cultura também, é um espaço de muita produção cultural, de lazer, de é o que eu falei é fértil, né? É um espaço muito fértil então entender isso enquanto uma política pública de bem-estar da população, pontua ela.
Apesar disso, na avaliação das jogadoras, há um aumento do número de mulheres no esporte e conquistas de espaços, que vêm juntamente com o crescimento da visibilidade do futebol feminino no país, sobretudo com a representatividade de jogadoras como Marta, rainha do esporte no mundo, e da seleção brasileira.
"Eu acho que finalmente a gente está sendo vistas aqui dentro como pessoas que ocupam esse espaço. Principalmente por conta dessa visibilidade a gente tem sido mais aceita em espaços assim", afirma Camila.
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Na UnBTV: sextas-feiras às 10h30 e 16h30, em Brasília no Canal 15 da NET.
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Edição: Marina Duarte de Souza