Centenas de ativistas camponeses, indígenas e políticos marcharam em Bogotá, capital da Colômbia, nesta quarta-feira (02) contra o assassinato de líderes sociais no país. Segundo cifras do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz), 97 líderes sociais já foram mortos em território colombiano desde o início de 2023.
Em nota, os movimentos reunidos no Congresso dos Povos denunciaram que a ação de grupos armados em distintas regiões do país busca impedir a defesa e a ação dos ativistas em seus territórios.
Além disso, eles exigiram mais garantias de segurança por parte das autoridades estatais e pedem à Procuradoria investigações mais rápidas e eficientes sobre os crimes passados.
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Na última semana, o Indepaz anunciou as mortes do agricultor Carlos Mario Roldán Díaz e dos líderes indígenas Yesid Pechené Musicué e Benito Segundo Castillo Gutiérrez. Eles teriam sido assassinados entre os dias 24 e 25 de julho nos departamentos de Antioquia, Cauca e La Guajirra respectivamente.
"A ação paramilitar foi determinante em algumas regiões do país. Eles trabalham para saquear os recursos naturais com o objetivo de enriquecer algumas pessoas", afirmam os movimentos.
Em entrevista ao Brasil de Fato publicada no último domingo, Leonardo González, diretor do Observatório de Direitos Humanos do Indepaz, disse que os atentados contra líderes sociais no interior da Colômbia "visam atacar o processo de paz".
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"Algumas mortes estão relacionadas a cultivos ilícitos, outras com a mineração legal e ilegal, então o que acontece: quando algum representante comunal ou indígena se coloca para defender seu território contra essas práticas, ele está ameaçado", disse.
Lady Gil, uma das manifestantes que esteve em Bogotá nesta quarta-feira e que faz parte da direção do sindicato Coordenador Agraria no departamento de La Guajira, afirmou que os assassinatos "são sistemáticos".
"Estamos denunciando a morte sistemática de líderes sociais em diferentes regiões do país e exigimos que o Ministério Público priorize a investigação desses assassinatos", disse.
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O alto índice de conflitos no interior colombiano tem sido um obstáculo para o plano de "paz total" proposto pelo presidente Gustavo Petro que, além de negociar acordos de paz com grupos guerrilheiros, também tem intenções de alcançar planos de cessar-fogo com facções ligadas ao narcotráfico e gangues criminosas.
O passo mais concreto do governo foi dado em junho, em Havana, capital de Cuba, quando Petro e o ELN assinaram um cessar-fogo que durará seis meses e prevê a elaboração de equipes de trabalho para ampliar as negociações de paz.
Edição: Rodrigo Durão Coelho