Celebração

Centro Sabiá completa 30 anos de vida agroecológica em Pernambuco

Propostas que fizeram brotar a organização em 1993 estão cada dia mais atuais no Brasil e no mundo

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A agricultora agroecológica Lenir Pereira mostra como era o local antes e depois da implantação do primeiro Sistema Agroflorestal de Pernambuco - Ana Mendes / Acervo Centro Sabiá
A nomenclatura simboliza uma árvore e um pássaro

Defender a agroecologia no Brasil e no mundo ainda é um desafio. Imaginar essa luta 30 anos atrás é se deparar com muitas histórias de sonhos e superação para transformar o nosso planeta. Nesse sentido, no dia 9 de julho de 1993, um grupo de militantes dessa bandeira política se juntou em Recife (PE) para dar vida ao Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá

“O Centro Sabiá sempre entendeu que era possível propor um outro jeito de fazer agricultura, que reconhecesse os saberes ancestrais das populações tradicionais e da agricultura camponesa, que fosse um tipo de agricultura que tivesse a natureza como referência”, define Maria Cristina Aureliano, coordenadora geral da organização. Ela lembra que a fundação surgiu a partir de críticas diretas ao modelo de agricultura praticado pelo agronegócio, com monocultura, uso de venenos e de adubos químicos e concentração de terras.

Ao longo dessas três décadas de existência, o Centro Sabiá se esparramou por todas as regiões de Pernambuco, desenvolvendo a agroecologia para promover direitos no campo e na cidade. Alguns desses horizontes trilhados são a luta contra a fome, a democratização do acesso à água e a promoção da agricultura sustentável em áreas rurais e urbanas, considerando aspectos sociais, culturais, econômicos e ambientais. Além de Agrofloresta, atualmente, os eixos temáticos de atuação são Agricultura Urbana e Periurbana, Economia Territorial e Camponesa, Agroecologia e Direitos Humanos e Incidência Política. 

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De acordo com Alexandre Henrique Pires, que foi coordenador geral do Sabiá por mais de 20 anos, a organização surgiu, mantém e deve permanecer com a marca da ousadia. Ao mesmo tempo, ele pondera a importância da coletividade no processo e missão desenvolvida há 30 anos. 

"O que o Sabiá faz, obviamente, é com todas as formas de apoio que existem, sejam financeiros, políticos e técnicos. Tudo isso em um movimento para transformar, mudar a vida das pessoas e ajudar nessa transformação", destacou Alexandre, que hoje ocupa o cargo de diretor do Departamento de Combate à Desertificação, na Secretaria Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável, no Ministério do Meio Ambiente.  

Para celebrar sua vida agroecológica, o Centro Sabiá refletiu o papel dos bens comuns da natureza e os direitos dos povos, no Festival "Terra, Mãe de todas as Lutas", no último dia 28 de julho, na capital pernambucana, concluindo as atividades do mês de aniversário da organização. A agenda de comemorações foi iniciada na cidade de Triunfo, no Sertão do Pajeú pernambucano, no dia 7 de julho. Com o lema, "Do Sertão ao Cais", a rota da festa seguiu ainda pelo agreste e zona da mata pernambucana, antes do Festival realizado no Museu Cais do Sertão, em Recife. E para afirmar as coletividades, durante a programação, foram realizadas as atividades chamadas como “escuta para o futuro”. O diálogo foi feito com representantes de movimentos populares, juventudes, mulheres, sindicatos e parlamentares.


Representantes de movimentos populares, sindicatos e parlamentares celebraram os 30 anos do Sabiá / PH Reinaux

Os atuais temas da luta contra a fome e da emergência das mudanças climáticas estiveram em destaque durante o Festival. Segundo Alexandre, a correlação entre as pautas estava nítida nos relatórios de fundação do Centro Sabiá, em 1993. Ele lembra que a organização já apontava a importância da implantação de Sistemas Agroflorestais como uma ação que seria cada vez mais necessária na luta contra a fome e na defesa na natureza. 

“A agenda climática requer um posicionamento e uma linha e o Sabiá fez uma escolha 30 anos atrás, da Agroecologia como uma agenda central e fundamental para a promoção da segurança e da soberania alimentar e nutricional da população do campo e das cidades. Continuar com essa agenda, com esse caminho é fundamental", defende. 

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Carinhosamente, a organização é chamada de Sabiá. A nomenclatura simboliza tanto uma árvore, com a firmeza de histórias, quanto uma ave, fluindo para novos voos na história.

Edição: Douglas Matos