programa bem viver

Novamente OMS põe Brasil como exemplo no combate ao tabaco, mas especialistas apontam desafios

Pesquisadora aponta controle de preço do cigarro como medida mais eficaz para redução do consumo no país

Ouça o áudio:

Mesmo com as políticas avançadas, o Brasil ainda registra 160 mil mortes anuais atribuíveis ao tabaco, segundo dados do Ministério da Saúde. - Foto: USP Imagens

Divulgado nesta semana, o mais recente relatório sobre combate ao tabagismo produzido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) traz o Brasil e a Turquia como exemplos mundiais. Segundo a entidade, se somaram a essa escala de referência as Ilhas Maurício e Holanda. 

Este grupo de países segue os seis critérios principais de controle do tabaco, conhecidos pela sigla em inglês MPOWER: monitorar o uso e as políticas de prevenção, proteger as pessoas da fumaça, oferecer ajuda para quem deseja abandonar a prática, alertar sobre os perigos, criar barreiras contra publicidade e aumentar os impostos.

“Mais uma vez o Brasil, junto com a Turquia, é apontado como um país que alcançou todas as medidas no mais alto grau de combate ao tabagismo de acordo com as orientações da OMS”, afirma Mariana Pinho, coordenadora do Projeto Tabaco da ACT Promoção em Saúde, em entrevista ao programa Bem Viver desta terça-feira (1). 

:: Confira a entrevista completa no reprodutor de áudio logo abaixo do título da reportagem ::

Ainda que o resultado seja positivo, a especialista lembra que o país passa por um momento de crescimento no consumo de cigarros eletrônicos.

E mesmo com as políticas avançadas, o Brasil ainda registra 160 mil mortes anuais atribuíveis ao tabaco, segundo dados do Ministério da Saúde.

A OMS destaca também que, atualmente, 5,6 bilhões de pessoas em todo mundo vivem em regiões que contém ao menos uma medida de proteção “para salvar vidas do tabaco”.

::  Não consigo parar de fumar. Como eu saio desse vício? ::

Segundo a entidade, esse número significa um aumento de cinco vezes em comparação a 2007.

Por outro  lado, a OMS alerta que o tabagismo mata, em todo o planeta, mais de 8 milhões de pessoas por ano, 7 milhões de fumantes diretos e 1,3 milhão de fumantes passivos - que ficam rotineiramente expostos à fumaça.

Desafios

Segundo Pinho, essa conquista brasileira é resultado de uma política rígida de controle do preço do produto.

“A política de preços a produtos nocivos à saúde é a medida mais eficaz para controlar essa demanda”, destaca a especialista.

Ainda em 2011, o país criou a política de preços e impostos sobre cigarro, por meio da Lei 12.546. Ela aumentou a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrado sobre o cigarro assim como estabeleceu valores mínimos para a venda do produto.

A partir de 2011, por exemplo, nenhum maço de cigarro poderia ser vendido por menos de R$ 3 no país. Esse valor aumentou R$ 0,50 por ano até 2016, chegando a R$ 5.

Programa Bem Viver: cigarro recua entre jovens, mas país está estagnado no combate ao tabagismo

Só por conta desse preço mínimo, o maço de cigarro subiu 66% em menos de seis anos. Já o preço do maço da marca mais vendida subiu de R$ 3,25 para R$ 6,25 de 2011 a 2015. Em 2016, esse mesmo maço baixou para R$ 5,50. Ainda assim, são 69% de aumento.

Desde então, porém, esse preço segue o mesmo. Enquanto isso, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita no país cresceu.

Para comprar 100 desses maços de cigarro em 2016, era necessário empenhar 1,81 PIB per capita brasileiro. Em 2021, o empenho necessário para a compra dos 100 maços baixou para 1,36 PIB per capita –mesmo nível de 2008, ou seja, de antes do início da política de preços e impostos.

Por conta disso, Pinho vê a reforma tributária, em debate no Congresso Nacional, como uma oportunidade de retomar essa política de preços.

“A reforma tributária traz essa oportunidade de legislar sobre os impostos seletivos, ou seja, por um item se nocivo à saúde é possível que seja cobrado mais taxas sobre ele. Essa medida de tributar de forma seletiva também traz o benefício de aumentar a receita, e seria muito bom se fosse destinada para doença”

Plantio

Se o Brasil utilizasse 30% das terras em que cultiva tabaco para plantar arroz, o aumento na lavoura do grão chegaria a 723,6 mil toneladas por ano. Esse é apenas um dos dados expostos em uma nota técnica, que aponta vantagens substanciais no incentivo para que famílias produtoras de fumo passem a produzir alimentos. 

O estudo foi realizado pelo economista Valter Palmieri Jr., da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) a pedido da ONG ACT (Aliança de Controle do Tabagismo) Promoção em Saúde

Ainda de acordo com o levantamento, a mesma porcentagem de terra usada no exemplo do arroz poderia gerar 300 mil toneladas a mais de trigo produzido no Brasil por ano, diminuindo a dependência da importação do produto. 

A nota técnica aponta que o planto de tabaco no Brasil ocupa a mesma área que toda a produção de vegetais, legumes e frutas consumidos no país. Mudar essa lógica, portanto, traz ganhos para a segurança alimentar do país e enfraquece a produção de um bem que faz mal para quem planta e para quem consome. 

Palmieri ressalta que tirar as famílias produtoras da cultura do fumo requer investimentos, apoio logístico e técnico e financiamento. “A escolaridade média de quem planta fumo no Brasil é até a sétima série. Quem trabalha com o fumo tem um rendimento muito inferior à média. Imagine uma família que está plantando o tabaco há 30 anos. A mudança de uma cultura gera uma instabilidade, uma insegurança.”


Confira o Bem Viver na sua plataforma favorita de podcast / Brasil de Fato

Sintonize

O programa Bem Viver vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo.  

Em diferentes horários, de segunda a sexta-feira, o programa é transmitido na Rádio Super de Sorocaba (SP); Rádio Palermo (SP); Rádio Cantareira (SP); Rádio Interativa, de Senador Alexandre Costa (MA); Rádio Comunitária Malhada do Jatobá, de São João do Piauí (PI); Rádio Terra Livre (MST), de Abelardo Luz (SC); Rádio Timbira, de São Luís (MA); Rádio Terra Livre de Hulha Negra (RN), Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), Rádio Onda FM, de Novo Cruzeiro (MG), Rádio Pife, de Brasília (DF), Rádio Cidade, de João Pessoa (PB), Rádio Palermo (SP), Rádio Torres Cidade (RS); Rádio Cantareira (SP); Rádio Keraz; Web Rádio Studio F; Rádio Seguros MA; Rádio Iguaçu FM; Rádio Unidade Digital ; Rádio Cidade Classic HIts; Playlisten; Rádio Cidade; Web Rádio Apocalipse; Rádio; Alternativa Sul FM; Alberto dos Anjos; Rádio Voz da Cidade; Rádio Nativa FM; Rádio News 77; Web Rádio Líder Baixio; Rádio Super Nova; Rádio Ribeirinha Libertadora; Uruguaiana FM; Serra Azul FM; Folha 390; Rádio Chapada FM; Rbn; Web Rádio Mombassom; Fogão 24 Horas; Web Rádio Brisa; Rádio Palermo; Rádio Web Estação Mirim; Rádio Líder; Nova Geração; Ana Terra FM; Rádio Metropolitana de Piracicaba; Rádio Alternativa FM; Rádio Web Torres Cidade; Objetiva Cast; DMnews Web Rádio; Criativa Web Rádio; Rádio Notícias; Topmix Digital MS; Rádio Oriental Sul; Mogiana Web; Rádio Atalaia FM Rio; Rádio Vila Mix; Web Rádio Palmeira; Web Rádio Travessia; Rádio Millennium; Rádio EsportesNet; Rádio Altura FM; Web Rádio Cidade; Rádio Viva a Vida; Rádio Regional Vale FM; Rádio Gerasom; Coruja Web; Vale do Tempo; Servo do Rei; Rádio Best Sound; Rádio Lagoa Azul; Rádio Show Livre; Web Rádio Sintonizando os Corações; Rádio Campos Belos; Rádio Mundial; Clic Rádio Porto Alegre; Web Rádio Rosana; Rádio Cidade Light; União FM; Rádio Araras FM; Rádios Educadora e Transamérica; Rádio Jerônimo; Web Rádio Imaculado Coração; Rede Líder Web; Rádio Club; Rede dos Trabalhadores; Angelu'Song; Web Rádio Nacional; Rádio SINTSEPANSA; Luz News; Montanha Rádio; Rede Vida Brasil; Rádio Broto FM; Rádio Campestre; Rádio Profética Gospel; Chip i7 FM; Rádio Breganejo; Rádio Web Live; Ldnews; Rádio Clube Campos Novos; Rádio Terra Viva; Rádio interativa; Cristofm.net; Rádio Master Net; Rádio Barreto Web; Radio RockChat; Rádio Happiness; Mex FM; Voadeira Rádio Web; Lully FM; Web Rádionin; Rádio Interação; Web Rádio Engeforest; Web Rádio Pentecoste; Web Rádio Liverock; Web Rádio Fatos; Rádio Augusto Barbosa Online; Super FM; Rádio Interação Arcoverde; Rádio; Independência Recife; Rádio Cidadania FM; Web Rádio 102; Web Rádio Fonte da Vida; Rádio Web Studio P; São José Web Rádio - Prados (MG); Webrádio Cultura de Santa Maria; Web Rádio Universo Livre; Rádio Villa; Rádio Farol FM; Viva FM; Rádio Interativa de Jequitinhonha; Estilo - WebRádio; Rede Nova Sat FM; Rádio Comunitária Impacto 87,9FM; Web Rádio DNA Brasil; Nova onda FM; Cabn; Leal FM; Rádio Itapetininga; Rádio Vidas; Primeflashits; Rádio Deus Vivo; Rádio Cuieiras FM; Rádio Comunitária Tupancy; Sete News; Moreno Rádio Web; Rádio Web Esperança; Vila Boa FM; Novataweb; Rural FM Web; Bela Vista Web; Rádio Senzala; Rádio Pagu; Rádio Santidade; M'ysa; Criativa FM de Capitólio; Rádio Nordeste da Bahia; Rádio Central; Rádio VHV; Cultura1 Web Rádio; Rádio da Rua; Web Music; Piedade FM; Rádio 94 FM Itararé; Rádio Luna Rio; Mar Azul FM; Rádio Web Piauí; Savic; Web Rádio Link; EG Link; Web Rádio Brasil Sertaneja; Web Rádio Sindviarios/CUT.  

A programação também fica disponível na Rádio Brasil de Fato, das 11h às 12h, de segunda a sexta-feira. O programa Bem Viver também está nas plataformas: Spotify, Google Podcasts, Itunes, Pocket Casts e Deezer.  

Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o programa Bem Viver de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para fazer parte da nossa lista de distribuição, entre em contato por meio do formulário.

Edição: Lucas Weber