A marroquina Nouhaila Benzina tornou-se neste domingo (30) a primeira mulher a usar um hijab em uma partida de Copa do Mundo.
Para as mulheres muçulmanas, esse é um resultado de mais uma luta pelo direito ao próprio corpo.
O uso do hijab não é obrigatório no Marrocos - tanto que quase toda a seleção feminina opta por não usá-lo.
É considerado uma decisão pessoal, unicamente ligado à relação individual com a religião. Seu uso é mais comum nas regiões mais nortenhas e rurais do país.
No mundo ocidental, porém, muitos vêem o hijab como uma opressão à liberdade feminina. A FIFA, usando do argumento de que ele seria perigoso e poderia machucar as jogadoras, o proibiu em 2007.
Era uma época que poucos países de maioria muçulmana desenvolviam o futebol feminino.
Ainda assim, o centro da proibição fora o Canadá: em uma partida de uma competição regional no Québéc, uma jovem chamanda Asmahan Mansour foi proibida de entrar em campo usando seu hijab.
Ela levou o assunto à Federação Canadense, depois à FIFA, mas ambas deram razão à árbitra.
Supostamente, além da segurança, o uso do hijab feria outra regra da FIFA: a de que era proibido equipamento de jogo que tivesse simbologia religiosa.
:: Futebol feminino no Brasil vai da proibição ao melhor momento, mas é preciso investir mais ::
O que impedia a possibilidade de muitas mulheres pelo planeta jogarem futebol.
Foi uma partida em 2010 que chamou a atenção do mundo do futebol para o problema.
Partida que não chegou a acontecer - Irã e Jordânia se enfrentariam pela qualificatória para os Jogos Olímpicos, mas as iranianas foram informadas que não poderiam jogar com a cabeça coberta.
Às lágrimas, elas deixaram o gramado.
As imagens das jogadoras chorando, tanto por não poderem representar seu país, quanto por serem informadas que sua fé e o esporte que escolheram eram incompatíveis, viajaram o mundo e chegaram à FIFA.
Um ano depois, a proibição cairia.
:: A última 'Copa da Rainha: conheça a história de Marta, a melhor jogadora de todos os tempos ::
Hoje, o futebol feminino cresce no mundo de maioria muçulmana.
Marrocos chegou à Copa do Mundo e a Tunísia esteve a um jogo de também fazê-lo. O Irã disputou a última edição da Copa da Ásia. Até a Arábia Saudita começa a investir no desenvolvimento da modalidade.
A imagem de Nouhaila Benzina jogando uma Copa do Mundo com um hijab provavelmente será outra que viajará o mundo todo.
E irá dizer a muitas meninas muçulmanas que escolheram usar o hijab que elas também podem, que não há nada que as impeça de jogar futebol.
Edição: Thalita Pires