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PM expulsa 200 famílias da ocupação Quilombo Saracura e conduz duas pessoas à delegacia 

Ação foi realizada durante a madrugada, mas no meio da tarde a polícia foi ao local com o suposto proprietário do imóvel

São Paulo |
Sem-teto querem a liberação dos dois detidos e aguardam solução do caso em frente ao prédio - Movimento de Moradia do Centro

Cerca de 200 famílias organizadas pelo Movimento de Moradia do Centro de São Paulo ocuparam um prédio de 16 andares na região da Praça 14 Bis, na madrugada deste sábado (29). A ocupação foi batizada de Quilombo Saracura, devido à descoberta de um sítio arqueológico que guarda memórias do antigo quilombo, durante as escavações da Linha 6-Laranja do Metrô paulista. 

No entanto, no meio da tarde, a Polícia Militar (PM) esteve no local com um homem que se identificou como proprietário do imóvel e despejou as famílias à força, como conta o militante da Central de Movimentos Populares (CMP), Benedito Roberto Barbosa, o Dito.  

“Não tem política habitacional no município, nem no estado, ao mesmo tempo que dobrou o número de imóveis vazios na última década. A situação é gravíssima e as famílias se mobilizaram para realizar essa ocupação. Infelizmente, a polícia foi lá de forma arbitrária, sem mandado judicial, o que é uma violência. Mas as famílias ainda aguardam na frente do prédio pela resolução do caso na delegacia”, explicou Dito, que afirmou que o movimento não descarta a possibilidade de reocupar o prédio. 

Após a retirada das famílias, a PM levou para 78º Distrito Policial o jovem Rafael Gonçalves Andrade, de 20 anos, e o eletricista Guilherme Missias Trindade. Segundo o advogado dos sem-teto, Vitor Goulart, a informação inicial é que se tratava de uma acusação de cárcere privado, porque havia uma pessoa no prédio no momento da ocupação. Depois, ainda conforme o advogado, policiais afirmaram que a detenção teria sido motivada pela 'invasão'. 

“Eu ainda não tive acesso à denúncia, não sei o que estão alegando. Ainda vou falar com o delegado e minha busca é que a justiça seja feita e essas pessoas possam voltar para suas famílias. Não havia caso de cárcere privado. E, em caso de ‘invasão’, a polícia não poderia entrar no local sem ordem judicial”, disse Goulart.  

Goulart também aponta que o imóvel ocupado consta com uma alta dívida ativa no município, relativa ao Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU): aproximadamente R$ 1 milhão.  

Enquanto aguardam a solução do caso e a volta dos detidos, as cerca de 200 famílias sem-teto permanecem no local, sob frio e garoa.  

O Brasil de Fato solicitou informações à Secretaria de Segurança Pública paulista sobre a ação na ocupação e a detenção de Andrade e Trindade, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem. 

Edição: Rodrigo Gomes