Brasil e Rússia

Em reunião com Putin, Dilma defende transações do Brics em moeda local 

Líder russo destacou importância da ex-presidenta na criação do Novo Banco de Desenvolvimento do Brics

Rio de Janeiro |
O presidente russo, Vladimir Putin, se reúne com Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, em São Petersburgo, em 26 de julho de 2023 - Vladimir Smirnov / TASS / AFP

Em reunião bilateral que aconteceu às margens da cúpula Rússia-África, em São Petersburgo, nesta quarta-feira (26), o presidente russo, Vladimir Putin, se reuniu com a ex-presidenta e atual chefe do Novo Banco de Desenvolvimento do Brics (NDB) Dilma Rousseff.

Durante o encontro, Putin lembrou que os dois estiveram na origem da ideia de criar o banco dos Brics em 2014, quando Dilma era presidenta do Brasil. O líder russo também acrescentou que as relações entre os países do Brics "estão se desenvolvendo em moedas nacionais e, nesse sentido, o banco pode desempenhar um certo papel" nessa atividade conjunta.

“Não tenho dúvidas de que, com a sua rica experiência em obra pública, conhecimentos nesta área, fará tudo para desenvolver esta instituição que, a meu ver, é muito importante nos dias de hoje. Nas condições de hoje, isso não é fácil de fazer, tendo em conta o que se passa nas finanças mundiais e a utilização do dólar como instrumento de luta política, mas os membros da nossa organização, os Brics, não são 'amigos' contra ninguém, trabalham no interesse uns dos outros. Isso também se aplica ao setor financeiro", disse Putin à Dilma.

Dilma Rousseff, por sua vez, observou que a Rússia é um parceiro confiável que cumpre todas as suas obrigações, e o Banco dos Brics "definitivamente desempenhará seu papel na formação de um mundo multipolar".

Ela também defendeu as transações sem o dólar, afirmando o desafio de ampliar a captação em moeda local, a fim de contribuir com a formação de um sistema "mais multipolar e multilateral".

“Não tem nenhuma justificativa para que os países em desenvolvimento não possam estabelecer entre si troca em moeda local. A nossa estratégia 2022-2026 estabelece que 30% das nossas captações têm de ser em moeda local”, disse Dilma.

Ao mesmo tempo, o NDB declarou em nota que "opera em conformidade com as restrições aplicáveis nos mercados financeiros e de capitais internacionais", e, portanto, não está considerando novos projetos com a Rússia no contexto das sanções aplicadas ao país. 

"Tanto no encontro com os presidentes da Rússia e da África do Sul, Dilma Rousseff vai discutir a próxima Cúpula dos Brics, que será realizada na África do Sul, tratando de temas como a expansão de membros do NDB e outros assuntos. Cabe destacar que a expansão dos membros do NDB não tem os mesmos requisitos e critérios aplicáveis à expansão dos membros do grupo geopolítico BRICS", diz o comunicado do banco.

Edição: Thales Schmidt