Rio de Janeiro

Arranha-céu

Após inúmeras tentativas de negociação, edifício "A noite" é vendido para a iniciativa privada

Segundo a prefeitura, o comprador transformará o prédio, localizado na Praça Mauá, em um residencial com 447 unidades

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
O Edifício "A Noite" foi inaugurado em 7 de setembro de 1929, como primeiro arranha-céu da América Latina - Beth Santos/Prefeitura do Rio

Na última terça-feira (25), a Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou a venda do Edifício Joseph Gire, conhecido como “A Noite”, que foi sede da Rádio Nacional  e do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Segundo a prefeitura, o comprador transformará o prédio, localizado na Praça Mauá, em um residencial com 447 unidades além de três lojas no térreo.

De acordo com informações da Agência Brasil, foram analisadas quatro propostas e o escolhido foi o grupo QOPP Incorporadora, que ofereceu R$36 milhões, além de 50% do potencial adicional gerado pelas regras do “Reviver Centro” – plano de recuperação urbanística, cultural, social e econômica da região central do Rio –, estimado em mais de R$ 24 milhões.

Em frente à Baía de Guanabara, o edifício tem uma vista privilegiada de toda a cidade e de lá se avista o Dedo de Deus, pico localizado em Teresópolis, na região serrana do Rio. Nos últimos anos, no entanto, o edifício estava em situação de abandono.

Em março deste ano, o edifício foi comprado pelo município do Rio por R$ 28,9 milhões, após diversas tentativas frustradas de negociação entre o governo federal e a iniciativa privada. O objetivo da prefeitura era justamente negociar o imóvel com a iniciativa privada.

Na ocasião, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), afirmou que o edifício histórico poderia abrigar um hotel ou projeto residencial. O prédio, onde funcionou a Rádio Nacional, é um ícone da cidade. Em 2013, o imóvel foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (Iphan).

O primeiro arranha-céu da América Latina já foi avaliado em R$ 90 milhões. Após quatro tentativas de venda pelo governo federal entre 2021 e 2022, a Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União (SPU) disponibilizou o prédio no mercado pela quinta vez.

Em 2022, Paes já havia anunciado que o compraria caso não houvesse uma proposta. Como as propostas privadas não vieram, dias antes do prazo estabelecido para lances, a Prefeitura do Rio deu entrada na aquisição do "A Noite". A expectativa do poder municipal é que a compra tivesse impacto na revitalização da região central da cidade.  

História

O Edifício "A Noite" foi inaugurado em 7 de setembro de 1929. O projeto do prédio foi desenvolvido pelo arquiteto Joseph Gire em parceria com Elisiário da Cunha Bahiana. A assinatura de Gire pode ser vista em outras edificações na paisagem carioca, como o Palácio das Laranjeiras, o Hotel Glória e o Copacabana Palace Hotel.

Segundo o parecer do Iphan, o prédio é emblemático tanto pelo aspecto estrutural e arquitetônico, quanto por seu significado cultural. 

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) ocupou o edifício até 2012. Em outros tempos, passaram pelos corredores do edifício nomes como as cantoras Emilinha e Marlene, além de outros grandes artistas da música popular brasileira como Dalva de Oliveira, Luiz Gonzaga, Cauby Peixoto e Elizeth Cardoso. Foi no ano de 1940, por conta de dívidas com o Governo Federal, que o prédio passou a ser propriedade da União.

Edição: Mariana Pitasse