Crise

Conflito no Sudão já custou a vida de 435 crianças, diz Unicef

Disputa entre líderes militares, que já foram aliados, mergulha o país africano em crise humanitária

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Casa destruída em Cartum, no Sudão - AFP

O conflito de mais de 100 dias no Sudão desativou 67% dos hospitais do país, forçou o deslocamento de 3,3 milhões de pessoas, matou 435 crianças e feriu cerca de 2 mil. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Unicef, que alertam para a situação no país africano de 46 milhões de habitantes.

O conflito no país começou em abril, quando dois líderes militares rivais entraram em rota de colisão. As Forças Armadas do Sudão, sob o comando do general Abdel Fatah al-Burhan, e unidades paramilitares das Forças de Apoio Rápido, chefiadas por Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, trocam acusações sobre a responsabilidade pela situação.

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Hemedti e al-Burhan eram aliados e atuaram juntos para expulsar o então presidente Omar al-Bashir em 2019. Contudo, as tensões surgiram no momento de negociar a volta do poder para a mão de civis e os termos da entrada do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido nas Forças Armadas regulares.

"A escala do impacto que esse conflito teve sobre as crianças do Sudão nos últimos cem dias está quase além da compreensão", disse Ted Chaiban, vice-diretor executivo do Unicef para ações humanitárias. "Pais e avós que viveram ciclos anteriores de violência agora veem filhos e netos passarem por experiências horríveis semelhantes. Todos os dias crianças estão sendo mortas, feridas, sequestradas e vendo as escolas, os hospitais e a infraestrutura vital do país serem danificados, destruídos ou saqueados."

Refugiados

O Programa Alimentar Mundial (PMA), uma das agências da Organização das Nações Unidas (ONU), também alerta para a situação e diz que a crise no Sudão afeta outros países da África Ocidental e Central. Cerca de 330 mil pessoas, a maioria mulheres e crianças, já fugiram para o Chade, país que faz fronteira com o Sudão.

"As pessoas com quem conversei na fronteira Chade-Sudão me contaram histórias absolutamente comoventes de sua jornada perigosa e de entes queridos que perderam ao longo do caminho", disse a Diretora-Executiva do PMA Cindy McCain. "Muitos estão feridos e desnutridos. Este é o preço que as pessoas inocentes pagam pela guerra; o que essas pessoas passaram é inaceitável, e o mundo deve intensificar e ajudá-los."

Edição: Nicolau Soares