A praia representa um dos espaços mais democráticos que existe. Homens e mulheres, residentes e turistas, pobres e ricos, crianças, jovens, idosos, famílias, todos, todas e todes frequentam este espaço público.
Perplexidade, indignação e revolta são palavras que resumem o que a maioria da população de João Pessoa está sentindo em relação a esta proibição desproporcional e equivocada do funcionamento dos quiosques da orla da capital paraibana.
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A nossa orla é conhecida nacionalmente como uma das mais bonitas, alegres e vibrantes porque é uma das opções de lazer pra muita gente que quer sair após o trabalho ou de casa e relaxar à beira mar, beber, comer e ouvir música ao vivo sentindo aquela brisa marinha gostosa.
E a nossa orla não se resume apenas aos quiosques. Tem os hotéis, as pousadas, os bares e restaurantes de frente para o mar, o pipoqueiro, o vendedor de milho, de sorvete, de artesanato, uma cadeia de trabalhadores e trabalhadoras que ganham o pão na noite pessoense.
Estranhamente esta tentativa de "matar" a vida noturna da nossa orla aconteceu após a prefeitura de João Pessoa ter tido cancelado o contrato de alargamento (ALARGAMENTO NÃO!). Seria uma coincidência ou uma retaliação?
Um das "desculpas" apontadas foi que "os moradores da orla estão incomodados com o barulho, a sujeira e a agitação". Vamos ser sinceros: quem escolheu morar na nossa orla já sabia que ela é assim: animada, intensa e efervescente. Tem problemas que precisam ser resolvidos? Tem mas não é limitando o horário de funcionamento que irá resolver. Quem quiser silêncio ou paz absoluta, sem um pingo de gente por perto, precisa ir morar numa chácara ou num sítio ou perto do cemitério porque a nossa orla é urbana e não rural.
Outra pergunta que não quer calar. O poder público procurou ouvir apenas os moradores da orla ou dialogou com a população em geral? Afinal, a quem pertence a orla de João Pessoa? Apenas aos residentes que vivem à beira mar? A orla pertence a toda a população de João Pessoa e é esta coletividade organizada que deve ser consultada e decidir o que é melhor pra ela.
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Onde está o poder público também quando os moradores e comerciantes do Centro Histórico reclamam por melhorias e investimentos na área de segurança, infraestrutura e limpeza? O IPTU da população central é menos importante do que o IPTU da população da praia? Quantos bares, restaurantes, espaços de cultura e estabelecimentos comerciais estão fechando no centro da cidade por causa do total abandono do poder público? Há ou não um tratamento injusto, discriminatório e desigual com determinadas áreas da nossa cidade?
Defendemos que a nossa orla de João Pessoa continue aberta, livre e funcionando perfeitamente como sempre funcionou, respeitando todas as exigências técnicas e legais, melhorando aquilo que precisa melhorar e se aperfeiçoando para continuar gerando empregos, movimentando o turismo, a economia criativa e ofertando serviços com qualidade para que a nossa orla continue maravilhosa, viva e agradável porque a nossa orla pertence ao povo e não a um grupo restrito de pessoas.
* José Martins Lopes Junior é ativista cultural e adm da página @jampaqualeaboa
** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Fonte: BdF Paraíba
Edição: Cida Alves