O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou nesta segunda-feira (17) de reunião com a presença da vice-presidenta da Venezuela, Delcy Rodríguez, e Gerardo Blyde, líder oposicionista venezuelano. O encontro também contou com a presença dos presidentes de Argentina (Alberto Fernández), Colômbia (Gustavo Petro) e França (Emmanuel Macron).
De acordo com o Palácio do Planalto, a reunião durou cerca de uma hora e meia e a pauta envolveu "a situação no país e as relações internacionais da Venezuela". O evento ocorre às margens da Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e União Europeia, que acontece nesta segunda e terça-feira (18).
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Blyde já havia participado de reuniões para discutir os diálogos entre governo e oposição da Venezuela. Ele esteve presente em um encontro organizado por Macron em Paris no final de 2022, que também contou com Fernández e Petro, para destravar as conversas sobre as eleições presidenciais venezuelanas.
O oposicionista também se reuniu com o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, quando o diplomata brasileiro visitou Caracas em março deste ano.
O governo de Nicolás Maduro pede que as sanções contra Caracas sejam aliviadas para garantir a legitimidade do pleito. Já o Parlamento Europeu aprovou uma resolução que condena as inabilitações de opositores venezuelanos e pede que haja um "processo independente" para a escolha de um novo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) no país.
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O cientista político da Universidade Central da Venezuela (UCV) William Serafino afirma que Lula busca "fortalecer seu papel de mediador das grandes questões latino-americanas perante a Europa e os Estados Unidos, a fim de elevar sua projeção internacional". O pesquisador ainda destaca que o presidente brasileiro reconhece que a Venezuela pode ter um "efeito positivo para a estabilidade regional" por seu potencial econômico, comercial e geográfico.
"Certamente esta reunião é um item importante da agenda. Todos os participantes compartilham o consenso de que as sanções contra Caracas afetaram gravemente seu desempenho econômico e enfraqueceram o bem-estar de sua sociedade, e que constituem um obstáculo para uma negociação saudável e respeitosa sobre o destino político do país. Além disso, essas sanções bloquearam ou limitaram o potencial energético do país, fator importante para todos, inclusive para Lula. Assim, as discussões em torno das eleições passam por essa questão central, onde Caracas afirma seu argumento de que com sanções não se pode falar em concorrência justa para o ano de 2024", diz Serafino ao Brasil de Fato.
Edição: Nicolau Soares