Intercâmbio

Políticas de cooperação em debate: 26º Foro de SP segue até domingo (2), em Brasília

Evento segue em Brasília até domingo (2) e tem integração da América Latina como foco

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Presidente Lula participou da abertura da 26ª edição do Foro de São Paulo, que tem como foco principal a integração latino-americana - Valter Campanato / Agência Brasil

Com data final prevista para domingo (2), a programação do Foro de São Paulo 2023 segue a todo vapor e está levantando diferentes debates sobre pautas que interagem com o tema da integração latino-americana, norte do evento deste ano.

“Temos que saber traduzir esse impulso político-ideológico que representamos aqui no foro em coisas concretas porque isso é o que vai nos ajudar a encontrar o nosso lugar neste mundo convulsionado. A gente precisa se desentrincheirar e fortalecer o nosso bloco político-social, que é muito poderoso e tem o foro como o melhor representante”, afirma Walter Sorrentino, que atua na vice-presidência nacional do PCdoB. Junto com o PT, o partido é um dos organizadores do encontro.

O Foro de São Paulo ocorre desde quinta-feira (29), em Brasília (DF), e reúne mais de 700 inscritos, com destaque para uma forte presença de participantes de países da América Latina e do Caribe, origem dos membros do foro. Entre os pontos principais de discussão estão os desafios dos governos de esquerda na atualidade, as plataformas de luta dos movimentos populares, políticas governamentais, atuação em rede, luta pela paz e políticas de cooperação no continente.

Militante do PCdoB desde 1992, Alessandro Pickcius participa do evento pela primeira vez e atua como delegado da legenda nas discussões promovidas pelo foro. Ele celebra a chegada de líderes progressistas ao poder nos últimos anos e afirma que o intercâmbio entre os representantes das diferentes nações é importante para estimular a busca por soluções eficazes para combater problemas de alcance coletivo. “É aprender com a experiência dos outros países, com o que está ocorrendo lá pra gente poder construir um futuro melhor. Um outro mundo é possível para a população da América Latina, principalmente pro Hemisfério Sul, que é mais pobre”, defende o militante. 

Presente pela segunda vez no evento, a venezuelana Yosneisy Paredes conta que esteve na última edição do Foro, ocorrida em 2019, em Caracas. Ela espera para este ano um avanço nos debates que tratam do tema da integração regional. “Creio que a integração latino-americana, para além do [quesito] ideológico, é importante porque ajudaria nossa região a crescer na economia, no aspecto social, no que propôs o presidente Lula de se gerar um espaço de integração do qual participem todos países da América Latina e Caribe, independentemente da ideologia do seu governo. É um grande passo que se possa retomar, por exemplo, a Unasul”.

Ocupar as redes

Já o argentino Jorge Drkos levanta, nesta 26ª edição do Foro de São Paulo, o debate sobre a atuação das forças progressistas no meio da comunicação, em especial nas redes sociais. Ele coordena o workshop que discute o tema neste sábado (1º) e é um dos destaques da grade do evento. Drkos chama a atenção para a necessidade de o campo da esquerda fazer uma ocupação mais estratégia dos meios digitais, terreno ainda dominado por grupos de extrema direita que se utilizam de expedientes como a disseminação massiva de fake news.

“As mentiras apontam para a destruição do sistema democrático, da política, fazendo com que nosso povo creia que todos os líderes populares são iguais – corruptos, delinquentes, mentirosos. Isso é nivelar por baixo e fazer com que a arena política seja ocupada por personagens que a degradam ainda mais. Então, a luta para acabar com tudo isso passa por gerar uma maior democratização e o uso inteligente dos meios. A articulação promovida aqui através do foro é um ponto de partida para pensarmos uma saída”, afirma Drkos.  

Plano de ação

Mas nem só de reflexões e debates vivem os participantes do evento. A secretária de Relações Internacionais do PCdoB, Ana Prestes, que atua na organização, afirma que o Foro de São Paulo costuma tomar deliberações consensuais ao final de cada edição, o que deve ocorrer neste domingo (2). “A ideia é formular um plano de ação para ser executado até o próximo encontro. São lutas, campanhas, moções e missões de solidariedade, acompanhamento de eleições na região e outras ações a serem previstas como tarefas”, exemplifica.

Na sequência, os participantes devem aprovar uma declaração final que resuma a essência desta 26ª edição do encontro e também uma declaração mais extensa na qual os signatários irão analisar diferentes temas que pautam a agenda da esquerda no momento e ainda acontecimentos de relevo no mundo.  “A declaração se materializa no plano de ação porque cada partido-membro se compromete com essas diretrizes, com metas. Isso vira pauta dos partidos e das lutas internas de cada país”, afirma Ana Prestes.

Edição: Raquel Setz