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Quem é Silvinei Vasques, primeiro a depor na CPMI do 8 de Janeiro

Ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal será ouvido sobre abordagens durante segundo turno das eleições

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Vasques é réu por improbidade administrativa. MPF acusa ex-diretor da PRF de utilizar cargo para promover Bolsonaro - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Silvinei Vasques será a primeira pessoa a ser ouvida pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. O depoimento deve ocorrer nesta terça-feira (20). 

Diretor-geral da Polícia Federal Rodoviária (PRF) entre abril de 2021 e dezembro de 2022, durante a gestão Bolsonaro, Vasques será questionado fundamentalmente sobre as mais de 500 operações da corporação, a maioria na região Nordeste, durante o dia 30 de outubro do ano passado, data do segundo turno das eleições presidenciais. O depoimento faz parte da iniciativa da relatora da CPMI, senador Eliziane Gama (PSD-MA), e da maioria a CPMI em investigar os antecedentes dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. 

Durante as eleições, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia vedado a realização de operações policiais que pudessem restringir a locomoção de eleitores e eleitoras. Ainda assim, a PRF realizou as operações, que só foram interrompidas após Alexandre de Moraes, presidente do TSE, intimar Vasques e impor uma multa pessoal de R$ 100 mil por hora de decisão não cumprida. Um dia antes do segundo turno, Vasques postou mensagem em uma rede social pedindo voto em Bolsonaro, apagando o conteúdo horas depois. 

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O TSE afirma que, com o fim das abordagens, nenhum eleitor foi impedido de exercer seu direito. 

Trajetória

Vaques integrou a PRF entre 1995 e dezembro de 2022. Ao sair da direção-geral, recebeu aposentadoria voluntária aos 47 anos. Antes de ser diretor-geral, ocupou outros cargos de direção, como as superintendências de Santa Catarina e do Rio de Janeiro, além do Comando de Operações. 

Em novembro de 2022, se tornou réu por improbidade administrativa após a Justiça receber uma denúncia do Ministério Público Federal (MPF) que o acusa de utilizar o cargo e os símbolos da instituição para promover um dos candidatos presidenciais em 2022. O MPF chegou a pedir o afastamento de Vasques, mas o pedido não foi acatado pelo Judiciário. 

Atualmente, a Polícia Federal (PF) investiga a atuação da PRF durante as eleições. A própria instituição à qual pertenceu Vasques também anulou o arquivamento de investigações internas sobre o caso. 

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De acordo com dados divulgados posteriormente pelo atual ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB-MA), o Nordeste concentrou 47% das abordagens durante o dia do segundo turno. Em números absolutos, foram parados 2.185 ônibus. Segundo Dino, que qualificou a operação de abordagens como "atípica", o número é maior que "o total de operações realizadas naquele estado durante todo o ano". Um dia após as eleições, até mesmo a Organização dos Estados Americanos (OEA) se pronunciou, afirmando que atuação da PRF gerou "preocupação e inquietação". 

O próximo depoente na CPMI deve ser George Washington de Oliveira Sousa, preso na véspera do Natal de 2022 após tentativa de atentado a bomba no aeroporto de Brasília.

Edição: Thalita Pires