O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve na tarde deste sábado (17) em Belém, capital do Pará, para a cerimônia que oficializou a realização na cidade da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30. O evento marcou a assinatura de diversos contratos e convênios que dão início à preparação do evento.
"Não existe nada no Brasil mais falado no mundo do que a Amazônia. Qualquer jovem, idoso, governador ou ministro de qualquer país do mundo fala da Amazônia. E eu tenho chamado a atenção deles de que é muito importante cuidar do ecossistema, da biodiversidade, da nossa floresta, mas é muito importante a gente cuidar do nosso povo que vive na Amazônia", afirmou Lula.
"É importante saber que por aqui moram 28 milhões de seres humanos que precisam trabalhar, comer, ganhar salário, viver dignamente, eles e seus filhos. E é por isso que a gente precisa preservar a Amazônia."
A candidatura do Brasil foi proposta por Lula ainda em novembro de 2022, durante a COP 27, realizada em Sharm El-Sheik, no Egito. No mês passado, a candidatura recebeu apoio formal do Grupo dos Estados da América Latina e do Caribe (Grulac) de forma praticamente unânime, uma exigência da Organização da Nações Unidas (ONU). A escolha deve ser oficialmente confirmada no fim do ano, durante a COP28, em Dubai, mas o processo de organização já está em andamento.
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Nascido em Belém, o ministro das Cidades, Jader Filho, ressaltou a importância de que uma conferência sobre o clima aconteça em solo amazônico. "Todas as pessoas em todas as COPs falam da Amazonia, mas falam a partir de um livro que leram, de um documentário que assistiram ou da opinião de alguém. É importante que os chefes de Estado, que as pessoas que de fato valorizam o meio ambiente venham falar da Amazônia conhecendo a Amazônia", afirmou o ministro.
O evento contou com a presença de três ministros, além do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), e da ministra da Cultura, Margareth Menezes, além de diversos prefeitos e parlamentares.
Países amazônicos
"Serão dias em que Belém será a capital do mundo durante duas semanas", disse o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, sobre o evento que trará cerca de 50 mil pessoas para a capital paraense. Serão autoridades governamentais, cientistas, organizações e ativistas de todo o mundo, colocando o Brasil como centro da discussão sobre como combater as mudanças climáticas.
Vieira lembrou ainda que a cidade será sede também da Cúpula da Amazônia, que acontece no dia 8 de agosto e reunirá os presidentes dos oito países integrantes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) para discutir o desenvolvimento sustentável da região. Um documento aprovado no encontro será apresentado durante a próxima Assembleia das Nações Unidas, em setembro.
Criada em 1995, a OTCA é formada por Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. A realização de uma cúpula da organização foi citada por Lula já em novembro de 2022, durante a COP27, no Egito.
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Legado
Vieira também informou que o BNDES vai discutir uma série de obras que "deixarão um legado para Belém", em áreas como transporte, limpeza urbana, saneamento básico e capacidade hoteleira.
As ações via BNDES fazem parte de um pacote de ações dos governos federal, estadual e municipal para preparar Belém para o evento. Entre as parcerias assinadas no evento, estão um convênio de R$ 134 milhões para a obra do Parque do Canal do São Joaquim, em Belém, e o início das obras do Porto Futuro 2.
Ocorreu também a cessão da área do aeroporto Brigadeiro Protásio Oliveira para o governo estadual, que será usada para a implantação do Parque da Cidade de Belém, onde será instalada a sede da COP30 em 2025. O contrato foi assinado pela ministra a Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, e pelo governador Helder Barbalho (MDB) - irmão de Jader. As tratativas para a cessão do local estavam em curso há três anos, sem desfecho, mas foram resolvidas na gestão Lula. A cessão do terminal será por 20 anos, prorrogáveis por igual período.
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O governador celebrou a realização do evento e a melhoria nas relações do estado com o governo federal na gestão de Lula. "Passamos aqui quatro anos sem receber ministros, sem receber o presidente. Agora toda semana tem um ministro do seu governo aqui junto conosco, prestigiar o nosso estado", afirmou.
"A COP é a mais extraordinária oportunidade que nós temos para encontrar a solução, seja para a agenda ambiental, fazendo com que o Pará e o Brasil protagonizem a mudança do uso do solo, a valorização da floresta viva, a geração de emprego verde, a viabilização de um modelo econômico que faça com que a floresta esteja em pé e com que as pessoas possam ter emprego, possam ter renda, possam ter sustento", afirmou o governador.
Com informações da Agência Brasil
Edição: Nicolau Soares