A empresária Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração da rede de lojas Magazine Luiza, mostrou que é mais uma das vozes contra as altas taxas de juros praticadas pelo Banco Central (BC). Falando diretamente ao presidente do banco, Roberto Campos Neto, ela cobrou queda na taxa básica, a Selic, hoje a maior do mundo.
O encontro entre a empresária e o presidente do BC aconteceu na segunda-feira (12), em evento do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV). Luiza pediu a palavra durante o encontro e disse que ligou para Campos Neto "mais de vinte vezes", além de ter enviado recados cobrando redução da taxa, que ela chamou de "remédio amargo".
"Nem sempre esse remédio amargo também resolveu a inflação. Não é a primeira vez, nós já tivemos muito remédio amargo. Se estou defendendo, é por causa da pequena e média empresa. Queria te pedir: por favor, dá um sinal de baixar esses juros. Não está aguentando mais, a pequena e média empresa", disse a empresária.
"Se você não der um sinal de baixar os juros, nós não vamos aguentar."
— Brasil de Fato (@brasildefato) June 13, 2023
A empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza, cobrou do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a queda da taxa básica de juros, a Selic. "Mas não é 0,25%, não. Você dá um pouquinho mais", disse. pic.twitter.com/KiDTmGRnOO
Em meio a outros empresários que também aproveitaram o evento para pedir a Campos Neto juros mais baixos, Luiza, que afirmou que sua rede de empresas emprega 35 mil pessoas diretamente, disse que é preciso uma baixa consistente na taxa, algo maior que um corte de 0,25 ponto percentual, que ela considera "muito pouco". Hoje a Selic está em 13,75% ao ano.
"Se você não der um sinal, não vamos aguentar. Quantas lojas aqui já foram fechadas? Quantas pessoas já foram mandadas embora? A desigualdade social é muito grande, e é o emprego que salva as pessoas. Queria te pedir, em nome dos brasileiros, para dar um sinal. E não é de 0,25 ponto, que é muito pouco. Precisa ser um pouquinho mais", defendeu Trajano.
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Em resposta à empresária, Campos Neto, constrangido, disse que não poderia dar certeza sobre queda dos juros, já que ele era apenas um entre nove integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom), instância do BC que determina a taxa. A empresária disse, então, que poderia ligar outras dezenas de vezes para refazer a cobrança.
Campos Neto, se retirando do evento, disse que voltaria ao mesmo local na próxima edição, marcada para o ano que vem, e que acreditava que os empresários ali presentes reconheceriam o trabalho do BC. Luiza Trajano, então, disse que muita gente estaria "quebrada" até lá.
Vale lembrar que Campos Neto foi indicado para a cadeira que ocupa pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Devido a uma mudança de legislação implantada pelo próprio governo anterior, o atual chefe do governo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não tem autonomia para trocar o comando do banco.
Edição: Nicolau Soares