Em dois dias

Stedile: CPI do MST perdeu credibilidade com circo da extrema direita bolsonarista

Comissão se torna refúgio da extrema-direita com a derrota nas eleições presidenciais

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Controlada pela extrema direita bolsonarista, CPI do MST tem claro o objetivo da comissão contra o movimento - Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Isso aí é só palanque para uma direita que perdeu as eleições

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) teve suas primeiras sessões essa semana. Mas diante da repetição de frases feitas dos parlamentares de direita e mentiras sobre a atuação do movimento, João Pedro Stedile, liderança do MST, avalia que a credibilidade do colegiado já foi colocada em xeque.

“Eu acho que transformar a CPI num circo já é um erro, perdeu a credibilidade. Ao transformar a CPI no ridículo, no ataque de tudo quanto é tipo, eles perderam a credibilidade, então todo mundo diz ‘isso aí é só palanque para uma direita que perdeu as eleições’”, afirmou Stedile, para o quarto episódio da terceira temporada do podcast Três por Quatro.

O historiador, professor titular aposentado do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) e membro da direção nacional do PSOL, Valerio Arcary, avalia que a CPI busca criminalizar não só o MST, mas todos os movimentos populares brasileiros. 

“O plano da CPI é criminalizar o MST como antessala para criminalização de todos os movimentos sociais brasileiros. Este núcleo bolsonarista é neofascista e tem raízes na fração da classe dominante que se expressa através do latifúndio. Essa era a pauta do governo Bolsonaro durante quatro anos. E se avançarem não vão parar”, afirmou Arcary.

Confira o episódio completo:

Para Stedile, a CPI do MST é uma tentativa de garantir um ponto de resistência para a extrema-direita, após a derrota nas eleições presidenciais. E a partir daí atender objetivos eleitoreiros e de ataque ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), impedindo o desenvolvimento de políticas públicas de reforma agrária.

“Primeiro, ser um palco para eles criarem factóides para alimentar sua base e repercutir nas suas mídias. Segundo, eles querem acuar o governo Lula, então, eles querem atingir toda a esquerda e deixar o governo mais medroso e impedir que ele avance na reforma agrária. Ou cobrar mais caro o pedágio de uma votação em temas que o governo tem interesse. E, por último, temos interesses particulares, por exemplo, o Ricardo Salles é notoriamente candidato a prefeito de São Paulo”, afirma o economista.

O podcast Três por Quatro é apresentado por Nara Lacerda e Igor Carvalho, que atuam na equipe de jornalismo do Brasil de Fato. Novos episódios são lançados toda sexta-feira pela manhã.
 

Edição: Rodrigo Gomes