Protocolado no início deste ano pela deputada Verônica Lima (PT), um projeto de lei pela luta antirracista nos estádios de futebol pode ser votado na próxima quinta-feira (25) pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. A proposta ganhou urgência e mais visibilidade com o caso em que o jogador Vinícius Jr. foi alvo de racismo durante uma partida na Espanha, no último domingo (21).
O Projeto de Lei 64/2023 institui o Dia da Resposta Histórica no Calendário Oficial do Estado do Rio, celebrando os 99 anos da carta enviada pelo então presidente do Vasco da Gama à Associação Metropolitana dos Esportes Atléticos oficializando sua recusa em tirar de seu time os jogadores negros.
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O documento ficou conhecido como "Resposta Histórica". Essa é uma iniciativa que já é lei municipal, também de Verônica Lima na época em que ela atuou como vereadora de Niterói.
"O Dia da Resposta Histórica é uma celebração da luta antirracista no futebol. Está claro que, cada vez mais, precisamos multiplicar essas 'respostas históricas', através do amparo aos jogadores negros e da punição exemplar aos casos de racismo, seja por parte da torcida, de outros jogadores, de dirigentes ou de quem quer que seja", afirmou a parlamentar.
Medalha Tiradentes
Presidente da Comissão de Cultura do Parlamento Fluminense, Verônica Lima também propôs a concessão da Medalha Tiradentes, maior honraria da Alerj, a Vinícius Jr.
"O futebol para o povo brasileiro significa a possibilidade de ascensão social e econômica de muitos jovens e adolescentes que se inspiram nos atletas de alta performance, como o Vini Jr. Quando atacam esses atletas também estão atacando milhares de meninos e meninas que têm no futebol e na figura desses atletas uma referência positiva. Ainda estão atacando a cultura brasileira, o jeito brasileiro e uma das maneiras de gerar riqueza em nosso país, pois o futebol movimenta muito nossa economia”, lamentou.
Um dos decanos da Alerj, o deputado Luiz Paulo (PSD) lembrou que o atacante brasileiro não sofreu apenas um caso de racismo e que esses episódios não são isolados.
"Foram nove casos sucessivos ao longo de um ano e meio, que ocorreram nos mais diversos estádios da Espanha, sendo que nenhuma providência foi tomada pela La Liga (Primeira Divisão de Futebol Espanhol). Vini Jr. tem demonstrado que sabe resistir com grandiosidade. O futebol, que envolve paixões de milhões, hoje está mergulhado em um mar de lama”, afirmou o parlamentar.
Entenda o caso
Durante o jogo entre o Real Madrid e Valência, ocorrido no último domingo (21), no Estádio Mestalla, a torcida valenciana gritou insultos como "macaco" direcionados ao jogador do Real Madrid. A partida foi interrompida e até o locutor do estádio teve que pedir para que torcedores parassem de insultar o atacante para que a partida pudesse ser reiniciada.
Já nos minutos finais do jogo, o goleiro do Valência, Mamardashvili, partiu para cima de Vini Jr, iniciando uma confusão generalizada. Vinícius sofreu uma espécie de 'mata-leão' do jogador Hugo Duro, foi empurrado e, ao reagir, acabou sendo expulso após análise do VAR. Nada aconteceu com os jogadores do Valência.
Entre outros casos de racismo envolvendo o atleta brasileiro na Espanha, um de maior destaque ocorreu em janeiro deste ano, quando torcedores do Atlético de Madrid penduraram em uma ponte da capital espanhola um boneco com a camisa do Vinícius Júnior e uma faixa escrita “Madri odeia o Real”.
Edição: Eduardo Miranda