Em uma confirmação do que já havia afirmado após a sentença de inabilitação perpétua para exercer cargos públicos, a vice-presidenta argentina Cristina Kirchner anunciou que não será candidata à Presidência na eleição deste ano, em uma carta que publicou em suas redes sociais no fim da tarde desta terça-feira (16).
"Já havia dito no dia 6 de dezembro de 2022. Não serei mascote do poder por nenhuma candidatura", escreveu Kirchner nos parágrafos finais da carta.
"Dei mostras, como ninguém, de privilegiar o projeto coletivo sobre o pessoal. Não vou entrar no jogo perverso que nos impõem com fachada democrática para que esses mesmos juízes, empoleirados hoje na Corte, ditem uma sentença inabilitando-me ou diretamente impossibilitando qualquer candidatura que eu possa ostentar, para deixar o Peronismo em absoluta fragilidade e debilidade diante da contenda eleitoral", escreveu a vice.
Além da sentença que previa a proscrição e seis anos de prisão pelo processo judicial de obras públicas, a vice referiu-se na carta à recente decisão dessa mesma Corte que interferiu nas eleições provinciais onde o peronismo era favorito. A apenas cinco dias do pleito, a Corte suspendeu a eleição em duas das cinco províncias que, segundo o calendário eleitoral, iriam às urnas no último domingo, 14, para eleger os novos governadores e outros cargos.
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Nos territórios onde a eleição ocorreu normalmente no último domingo, de fato, o peronismo venceu nas urnas. "Os acontecimentos recentes me deram a razão", disse Kirchner, na carta.
O anúncio chegou no mesmo dia em que acontecia o congresso nacional do peronista Partido Justicialista, de onde partiriam rumos para a eleição, uma vez que a coalizão governista, Frente de Todos, ainda não tem candidatos definidos para a eleição primária de agosto. A militância peronista pedia, através da Operação Clamor, a candidatura de Cristina, e organizavam um próximo ato para o dia 25 de maio.
Com o impacto da carta, dirigentes peronistas reforçam que Cristina continua sendo a condução do espaço político. Em definitiva, o candidato da coalizão será definido por uma estratégia traçada pela vice, como nas eleições presidenciais anteriores.
O anúncio de Cristina põe um freio na operação, e agora a incógnita gira em torno dos possíveis nomes a quem a vice passará o bastão. Os nomes que ressoam são o Ministro da Economia Sergio Massa, que defende que a eleição primária da coalizão não seja disputada, mas que vá com um candidato único; Daniel Scioli, embaixador do Brasil; o Ministro do Interior kirchnerista Eduardo de Pedro; e o chefe de gabinete Agustín Rossi.
Edição: Patrícia de Matos