Nesta quarta-feira (17), a campanha Brasil sem Fome, organizada pela Ação da Cidadania, tem início. Pelo terceiro ano consecutivo, o projeto é colocado em prática com o objetivo de arrecadar e distribuir alimentos para famílias em todo o país, como forma de assegurar o direito à alimentação adequada, principalmente na primeira infância.
“Betinho já dizia que a democracia é incompatível com a miséria. Enquanto houver o desafio de superar a fome no país, não há como garantir que outros direitos sejam cumpridos. Se um cérebro saudável usa 20% da energia do corpo e essa energia vem dos alimentos, como uma criança com fome será capaz de aprender?”, ressalta Rodrigo “Kiko” Afonso, diretor-executivo da Ação da Cidadania.
Segundo dados do Fundo de Emergência Internacional para Crianças das Nações Unidas (UNICEF), ao menos 32 milhões de meninas e meninos vivem na pobreza no Brasil. Ou seja, milhares de crianças não têm o que comer.
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Já recente pesquisa divulgada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), em parceria com a Ação da Cidadania, revelou que a fome no país dobrou nas famílias com crianças menores de 10 anos e hoje está presente em 18,1% das casas com moradores dessa faixa etária.
Em 37,8% das casas brasileiras onde moram crianças menores de 10 anos, há insegurança alimentar grave ou moderada. Esse percentual é maior do que a média nacional, quando consideramos todos os domicílios.
A situação é ainda mais grave no Norte, onde 40% das casas com moradores nesta faixa de idade sofrem com a falta de comida, e no Nordeste, onde famílias de 7 dos 9 estados também passam por situações parecidas.
Outro dado alarmante aponta que, todos os dias, em média, 11 crianças menores de 5 anos são internadas por desnutrição no Brasil, a maior média desde 2012, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com base em dados obtidos através do Ministério da Saúde. A região Nordeste concentra 36% dos casos, superando os demais estados do país.
“O aumento da insegurança alimentar também é impactado por outros fatores que não apenas a comida, mas também gênero, raça e cor, escolaridade, renda, tipo de ocupação e emprego, principalmente dos responsáveis pelos domicílios. O desemprego e a falta de moradia, agravados pelos recentes cortes de investimentos e desmontes de políticas públicas, também impactaram na qualidade de vida de crianças e adolescentes”, diz trecho do texto da Ação da Cidadania.
O Brasil sem Fome foi lançado pela primeira vez em 2002, retornando em 2021, durante a pandemia do Coronavírus, quando foram doadas mais de 20 mil toneladas de alimentos em todo o país. As doações devem ser feitas no site www.brasilsemfome.org.br ou pelo PIX: [email protected].
Edição: Mariana Pitasse