De passagem pela 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária, promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em São Paulo (SP), o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) lamentou a criação da CPI do MST, mas considerou que os adversários políticos do governo, mesmo com outro propósito, abrem espaço para o movimento "demonstrar à sociedade brasileira que o que se quer é produzir de forma sustentável, fazer a distribuição de alimentos de forma justa".
"Espero que a gente tenha maturidade suficiente para fazer uma boa disputa e mostrar que a CPI não vai revelar nada que não seja o que estamos vendo aqui na feira", afirmou o governador em entrevista ao Brasil de Fato.
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Segundo ele, a comissão é resultado de uma disputa viva entre o governo e a oposição. A bancada ruralista, ainda de acordo com Rodrigues, não aceita o crescimento de "modelo de criar animais sem os padrões de maus tratos, sem ferir a terra, os rios e os lençóis freáticos."
"A disputa não acabou. A corda puxa de todos os lados. Quem acredita em um modelo como este [da reforma agrária] tem que ter a tranquilidade e a força para continuar organizando o debate com a sociedade brasileira."
A Feira
Realizada no Parque da Água Branca, em São Paulo, a feira reúne 1,2 mil feirantes vindos de 23 estados. Trata-se do maior evento de produtos da reforma agrária do país.
Esta que é a quarta edição da Feira Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) marca um retorno, depois de cinco anos. Realizada pela primeira vez em 2016, aconteceu em 2017 e 2018. No ano seguinte, sua realização foi vetada por João Doria (PSDB), na época governador de São Paulo.
"A retomada, nessa quarta edição da feira, traz coincidentemente a chegada de um governo popular que compreende a importância da reforma agrária, da modelagem da agroecologia, da formação cultural desse país para que o modelo de desenvolvimento seja adequado à sustentabilidade", disse o político.
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"Um último fator é que a feira acontece quando o Brasil está de volta ao mapa da fome. É uma oportunidade impar de a gente poder dialogar com a sociedade brasileira e internacional sobre o modelo de produção e de consumo", concluiu.
Após o encerramento, neste domingo (14), serão doadas cerca de 25 toneladas de alimentos. Os donativos farão parte da ornamentação do Parque da Água Branca nos quatro dias de atividades e serão encaminhados a pessoas em situação de vulnerabilidade social na sequência.
Edição: Rodrigo Chagas