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Transporte público gratuito não favoreceu vitória de Lula em 2022, aponta estudo do Ipea

Em 297 municípios, 75,8 milhões de eleitores em tiveram acesso ao passe livre no segundo turno

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Para Ipea, eleitores aproveitaram passe livre para realizar outras atividades além de votar - Foto: Carol Lima

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) realizou a primeira avaliação sobre o efeito do passe livre na eleição de 2022 e concluiu que a gratuidade não teve impacto sobre o comparecimento dos eleitores às urnas, nem sobre a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

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A política de isenção de tarifa no transporte público foi adotada por 82 municípios brasileiros no primeiro turno. Já no segundo turno, mais 297 cidades adotaram a prática, totalizando 75,8 milhões (48,7%) de eleitores com acesso ao transporte público gratuito. A pesquisa completa pode ser acessada no site do Ipea.

Para os pesquisadores, a redução dos custos com transporte pode melhorar o acesso aos locais de votação, mas, sozinha, não aumenta a participação no processo eleitoral. A análise mostrou que a adoção do passe livre não teve efeito na parcela de votos recebido por cada candidato, apesar da competição eleitoral bastante acirrada (com diferença de votos de 1,8 ponto percentual).

Os autores avaliaram seções com diferentes proporções de eleitores com baixa escolaridade, ou que ficam localizadas em áreas mais remotas. Ainda assim, o estudo verificou que a participação no pleito não foi influenciada pela política do passe livre, independente do nível socioeconômico dos eleitores.

No entanto, a pesquisa apontou que a política do passe livre nas eleições teve importante impacto sobre os níveis de mobilidade no dia da votação. O primeiro e o segundo turnos da eleição de 2022 foram realizados aos domingos (2 e 30 de outubro). 

Houve aumento de mobilidade em áreas de parques (17,7%), supermercados e farmácias (7,2%) e áreas de comércio (varejo) e recreação (5,0%). Segundo a pesquisa, o resultado indica que os eleitores podem ter aproveitado o passe livre para realizar outras atividades além de votar no dia da eleição.

O estudo, intitulado "Transporte Público Gratuito e Participação Eleitoral", é assinado pelos pesquisadores Rafael Pereira, do Ipea; Renato Vieira, professor da USP; Fernando Bizzarro, doutorando na Universidade de Harvard; Rogério Barbosa, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Ricardo Dahis, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio); e Daniel Ferreira, doutorando na Universidade de Chicago. 

A pesquisa usou microdados dos resultados eleitorais por urna, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e dados de telefones celulares disponíveis publicamente pelo Community Mobility Reports, da Google. Neste quesito, o período de cobertura se encerra em 15 de outubro do ano passado, ou seja, não inclui o segundo turno da eleição.

Edição: Clívia Mesquita