O congressista dos Estados Unidos George Santos, filho de brasileiros, foi detido nesta quarta-feira (10) após acusações formais feitas pela promotoria federal dos EUA. Segundo as denúncias, ele teria cometido os crimes de fraude eletrônica, lavagem de dinheiro, roubo de fundos públicos e prestação de informações falsas em documentos.
Apoiador de Jair Bolsonaro e Donald Trump, Santos se entregou em um tribunal de Long Island, na região metropolitana de Nova York, e deve passar por uma audiência perante um juiz ainda nesta quarta, para determinar se seguirá sob custódia ou se será liberado.
Segundo o jornal The New York Times, Santos estaria envolvido em três esquemas distintos. A principal acusação envolve um consultor (cuja identidade não foi divulgada) que teria solicitado contribuições para uma organização política. Entretanto, segundo a acusação, o congressista teria usado o dinheiro para despesas pessoais, incluindo pagamentos de faturas de cartão de crédito e compra de roupas de grife.
A promotoria afirma também que George Santos se beneficiou de maneira indevida de benefícios oferecidos a pessoas desempregadas pelo governo dos EUA durante a pandemia de coronavírus. Ele teria recebido mais de 24 mil dólares (cerca de R$ 120 mil, pela cotação atual) enquanto trabalhava para uma empresa e recebia cerca de 10 mil dólares por mês de salário.
O congressista é acusado também de ter prestado declarações falsas em documentos sobre sua renda quando foi candidato. Além de mentir sobre o próprio salário, Santos teria deixado de informar sobre alguns rendimentos e informado valores errados sobre saldos em contas bancárias.
Carreira polêmica
George Santos foi o primeiro congressista abertamente homossexual a ser eleito nos Estados Unidos pelo Partido Republicano, de perfil conservador. Nos EUA, as eleições parlamentares são distritais, e ele foi eleito por um distrito que há muitos anos era dominado pelo Partido Democrata.
Apoiador fiel de Donald Trump, Santos começou a ser questionado quando vieram à tona mentiras contadas por ele sobre uma suposta ascendência judaica, citada durante a campanha. A imprensa dos EUA também mostrou que ele falou outras mentiras, contando detalhes sobre uma carreira que nunca existiu em empresas do mercado financeiro e sobre diplomas universitários.
Após o acúmulo de denúncias, setores do próprio Partido Republicano pressionaram pela renúncia do deputado, mas ele resistiu no cargo, contando com apoio de figuras relevantes dentro do partido, como o presidente da Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados), Kevin McCarthy.
Procurado pelo The New York Times nesta quarta-feira, McCarthy disse que George Santos poderá manter o mandato e suas atividades parlamentares mesmo após as acusações formais e a detenção, mas não poderá participar de comissões e terá de passar por julgamento.
Edição: Rodrigo Durão Coelho