O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou os países por mais recursos para a preservação da Amazônia. A declaração foi dada neste sábado (6) em entrevista coletiva na Inglaterra. No país, Lula participou de reuniões diplomáticas e compareceu à coroação do rei Charles III.
"A primeira coisa que o rei [Charles III] disse pra mim foi para eu cuidar Amazônia. Eu falei que preciso de ajuda e muitos recursos", disse Lula a jornalistas. O Reino Unido anunciou na sexta-feira (5) aporte de R$ 500 milhões no Fundo Amazônia.
Ao citar as cúpulas do clima da ONU, Lula reafirmou o compromisso do Brasil com o "desmatamento zero", mas ressaltou que "os países ricos prometem dinheiro" e não cumprem. Ele criticou que o combate ao aquecimento global fique conta dos países em desenvolvimento.
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"Para preservar a floresta, é preciso levar em conta que só no nosso lado [da Amazônia] moram 25 milhões de pessoas. E essas pessoas precisam ter acesso a bens materiais. Essas pessoas querem comer, querem passear", enfatizou.
O presidente deixou um recado aos países ricos que "já destruíram suas florestas". "Eles precisam compreender que têm um debito na emissão de gás carbônico e, portanto, têm que adiantar recursos pagando essa dívida para que a gente possa preservar a floresta", disse.
Críticas a Bolsonaro
Sem citar nominalmente Jair Bolsonaro (PL), Lula responsabilizou o ex-presidente pelo paralisação do Fundo Amazônia . "Nos tínhamos perdido os recursos da Alemanha e da Noruega porque o presidente [Bolsonaro] não aplicava os recursos", lembrou.
Lula voltou a defender uma nova governança mundial para tratar das questões climáticas, com mais participação dos países em desenvolvimento nas decisões. Sem isso, disse o mandatário, as promessas de financiamento da preservação ambiental não sairão do papel.
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"Obviamente que os países que ainda têm floresta estão dispostos a fazer um esforço muito grade. Mas é preciso compensar para que eles possam ter um novo tipo de indústria, a chamada indústria verde", pontuou o petista.
Padilha e congresso
Outro tema da coletiva de imprensa foi a relação do governo com o congresso nacional. A questão surgiu após uma pergunta sobre a votação, na quarta-feira (3), na Câmara dos Deputados, que derrubou pontos propostos pelo Executivo sobre o decreto do saneamento básico.
Segundo Lula, ele não pensa em ‘hipótese nenhuma” em mudar o representante do governo na articulação do congresso. O cargo esta com Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais.
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“O Padilha é o que o país tem de melhor na articulação política atualmente”, respondeu o presidente.
Na quarta-feira, a votação do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 98/23, sobre saneamento básico, terminou em 295 votos a favor do texto – e, portanto, contra o governo.
Somente as federações formadas por PSOL-Rede e PT, PCdoB e PV defenderam a rejeição do relatório, de autoria do deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES). O placar e as orientações de voto indicaram que o governo foi traído de diferentes lados.
A situação chamou a atenção e teve seu ápice com uma declaração dada pelo líder da gestão na Câmara, José Guimarães (PT-CE), que durante a sessão se queixou dos dissidentes e depois foi às redes sociais comentar que seria necessário um “freio de arrumação dentro do governo”.
Lula se disse confiante na reversão da situação. “Eu não fiquei preocupado com essa votação. eu sei que os parlamentares vão votar favorável. É a primeira vez que a gente faz uma proposta capaz da gente envolver o público e o privado para pôr fim na falta de saneamento básico no Brasil”
Banco Central
Outro assunto que voltou à pauta foi a questão da Selic, a taxa básica de juros, e os conflitos com o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Netto.
“O Banco Central tem autonomia, mas ele não é intocável”, enfatizou o presidente.
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Desde o início do mandato, Lula tece críticas à postura do presidente da entidade por defender a manutenção da Selic em 13,75%. Nesta semana, em nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), mais uma vez, a taxa foi mantida no mesmo patamar.
Lula reforçou que “se a gente quer gerar emprego, a gente tem que gerar crédito para o trabalho, para o pequeno e médio empreendedor, pras grandes empresas, se não o país não cresce”.
Desde 2021, o BC tem autonomia em relação ao governo, com mandatos de quatro anos para o presidente e os diretores da autarquia sem que haja uma coincidência com o mandato do chefe do Executivo. Na prática, isso significa que Lula não tem poder para destituir a equipe liderada por Campos Neto.
Edição: Lucas Weber