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Editorial | Bolsonaro a dois passos da prisão?

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"Conter o fascismo implica em punir criminosos" - Foto: Reprodução Mídia Ninja/ Facebook
De um jeito ou de outro, Bolsonaro mentiu

Toc. Toc. Toc. Quem é? É a Polícia Federal. Foi assim que Jair Bolsonaro acordou, no dia 3. E o motivo da operação de busca e apreensão não foi o caso escandaloso das joias de mais de R$ 16 milhões, nem as teorias da conspiração sobre as urnas eletrônicas, nem os ataques aos ministros do Tribunal Superior Eleitoral ou do Supremo Tribunal Federal. Também não foram os atos golpistas de 8 de janeiro, que depredaram os Três Poderes, o motivo da ação da Polícia Federal.

Foi a suspeita de fraude no cartão de vacina do ex-presidente e de sua filha que levaram os policiais a baterem na porta da casa do ex-presidente, em Brasília. Até onde se sabe, Bolsonaro e seu ajudante de ordens, Mauro Cid, tinham plena consciência da inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde. A família Bolsonaro, afinal, estava rumo aos Estados Unidos, onde a vacinação contra a covid-19 é critério para a entrada no país.

Bom, de um jeito ou de outro, Bolsonaro mentiu. Aliás, nada de novo sob o sol.

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Grande agente desinformador e propagador de notícias falsas, o ex-presidente fez um grande desserviço e estimulou milhares de pessoas a não se vacinarem durante uma pandemia que matou mais de 700 mil pessoas no Brasil. Teria ele vacinado e mentido descaradamente para a população?

Parece que não. O ex-presidente conseguiu ser mais esdrúxulo e cometer um ato, além de absurdo, gravíssimo: a adulteração de documento oficial, promovida por uma “associação criminosa”, para burlar uma medida sanitária preventiva. Se isso aconteceu mesmo, Bolsonaro mentiu não só para a população brasileira, mas para os Estados Unidos, onde passou meses acuado após perder as eleições do ano passado.

Lágrimas de crocodilo

Bolsonaro que chore, que lamente. O que não faltam são motivos e crimes para diminuir a distância entre ele e o sistema penitenciário. Bolsonaro precisa pagar por tudo o que ele fez a população brasileira sofrer. Pelas mortes, pelos direitos destruídos, pela fome que explodiu no Brasil, pela violência contra jornalistas, pelo emburrecimento promovido pelas notícias falsas.

Conter o fascismo, representado hoje pelo bolsonarismo, implica punir criminosos, para que eles, no mínimo, se envergonhem ao levantar bandeiras violentas. Implica tornar Bolsonaro um exemplo a não ser seguido ou vangloriado. Que a Polícia Federal, os órgãos de Justiça e a ordem democrática trabalhem para que não tenhamos mais que conviver com o golpismo e com a ignorância.

Edição: Elis Almeida