Assédio nos EUA

Membros de delegação de jovens que visitou Cuba são detidos ao retornarem aos EUA

Muitos dos 150 jovens líderes que compunham a delegação foram detidos em aeroportos dos EUA e passaram por revistas

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A delegação de 150 pessoas foi uma das maiores dos EUA na história recente. - Zoe Alexandra

Na última quarta-feira (3), vários membros de organizações dos Estados Unidos que viajaram a Cuba como parte de uma delegação internacional de jovens foram detidos e constrangidos por autoridades norte-americanas durante seu retorno ao país.

O People's Forum, uma das organizações que participou da brigada de solidariedade de 10 dias organizada pela Assembleia Internacional dos Povos, condenou o assédio sofrido por membros da delegação em aeroportos dos Estados Unidos.

"URGENTE! Hoje, vários membros de nossa delegação de jovens em Cuba foram detidos por horas pela Patrulha de Fronteira e Alfândega dos EUA depois de retornarem. Apesar de termos viajado legalmente, fomos assediados e mantidos em interrogatório secundário na chegada ao Aeroporto Internacional de Miami e ao Aeroporto Internacional Newark Liberty", escreveu o People’s Forum.

A nota diz ainda que os telefones celulares de vários membros da delegação foram indevidamente revistados e apreendidos pelos oficiais da polícia alfandegária. "Esse comportamento ultrajante visa nos intimidar e criminalizar nosso direito de viajar e fazer intercâmbio. Exigimos a libertação de nossos camaradas restantes! Não seremos movidos! Nosso compromisso de acabar com o bloqueio dos Estados Unidos a Cuba só aumentará", enfatizou o Fórum.

Manolo De Los Santos, co-diretor executivo do People's Forum e organizador da delegação, também condenou essas ações. "Mais de 150 jovens viajam a Cuba para aprender e são recebidos de volta nos EUA com detenção, questionamento político e apreensão de telefones. Qual país é o estado policial?" questionou De Los Santos.

Ao saber do assédio, o presidente cubano Miguel Díaz-Canel expressou a solidariedade de Cuba aos membros da delegação dos Estados Unidos. "Animem-se pessoal, estamos com vocês. Obrigado por sua coragem, por apoiarem Cuba e por enfrentarem o ódio daqueles que não suportam o fato de que a Revolução Cubana tem o apoio da juventude mais progressista no ventre da besta. Mandamos um grande abraço", escreveu Díaz-Canel em um tweet.

Organizações cubanas e personalidades da mídia também expressaram indignação após as detenções por motivos políticos.

O Centro Memorial Martin Luther King Jr., que participou de várias atividades da brigada, escreveu: "Como CMLK, denunciamos o assédio a que estão sendo submetidos os cem jovens 'embaixadores da paz' e repudiamos as injustiças sofridas neste momento por aqueles que abraçam e sustentam a solidariedade popular como única alternativa ao capitalismo. Denunciamos esses atos de abuso contra pessoas de bem. Jovens que desejam e sonham com um futuro melhor e cheio de esperança para transformar o que nos é imposto como ‘impossível'."

O influenciador cubano El Necio destacou a natureza hipócrita das detenções e escreveu: "Só temos uma pergunta: onde está a liberdade?"

A plataforma continental dos movimentos sociais, ALBA Movimientos, juntou-se à condenação afirmando: "Eles mostraram mais uma vez que não podem tolerar que haja pessoas de dentro do ventre da besta que apóiam a Revolução Cubana".

Na manhã de quinta-feira, De Los Santos informou que "todos os camaradas que viajaram a Cuba estão LIVRES" e mais uma vez condenou as autoridades estadunidenses por intimidarem a jovem delegação.

"A atitude agressiva dos funcionários da Alfândega e Patrulha de Fronteira em relação aos membros de nossa delegação durante seu retorno aos Estados Unidos é repreensível. A apreensão de telefones e a natureza política do interrogatório secundário implicam um nível de assédio que não se via há anos. Foi um claro esforço para intimidação dos jovens que exerceram o seu direito de viajar e aprender. Essa tentativa de nos impedir de sermos solidários com Cuba falhará", disse Santos.

"Afirmamos nosso direito de viajar e trocar com o povo cubano, e agora mais do que nunca é nosso dever permanecer com eles a fim de quebrar o bloqueio dos Estados Unidos. Esses infelizes incidentes são mais uma evidência da direção errada de uma política externa hostil dos EUA em relação a Cuba. Suas ações, de fato, demonstram que os EUA estão longe de ser um bastião da democracia e dos direitos humanos e, em vez de nos intimidar, nos motivam a fortalecer nossas lutas por mudanças verdadeiras e transformadoras aqui nos Estados Unidos", acrescentou.

Mais de 150 jovens líderes de diversas organizações dos Estados Unidos foram a Cuba para participar de um encontro com diferentes setores da sociedade cubana e aprender sobre o impacto do bloqueio dos Estados Unidos e as experiências na construção do socialismo. Essas reuniões foram realizadas em Havana entre 24 de abril e 3 de maio.