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Sem surpresa e ignorando críticas, Copom volta a manter taxa de juros e pede 'serenidade'

Comitê ainda vê “cenários de risco” para a inflação e incerteza quanto a novas regras fiscais

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Economistas dizem que juros altos impedem a recuperação econômica - Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Mais uma vez, a sexta seguida e a segunda no atual governo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve em 13,75% ao ano a taxa básica de juros. Era uma decisão já esperada, apesar das críticas que o BC vem recebendo, do governo, do setor produtivo e de movimentos sociais, pelo nível dos juros no país.

No informe publicado ao término da reunião, na noite desta quarta-feira (3), o Copom afirma que permanecem “cenários de risco” para a inflação. A decisão foi unânime, mas com um voto a menos, de um total de nove: a diretora Carolina de Assis Barros não participou dos dois dias de sessão, devido a falecimento em família. A próxima reunião do colegiado será realizada em 20 e 21 de junho.

Arcabouço e combustíveis

Ainda segundo o Copom, o cenário externo segue adverso, enquanto o ambiente doméstico tem um esperado movimento de desaceleração da atividade econômica, “ainda que exibindo maior resiliência no mercado de trabalho”. Sobre a inflação ao consumidor, os integrantes do comitê dize que segue acima do intervalo compatível com o cumprimento de metas. E volta a falar na proposta do governo para o chamado arcabouço fiscal, citando “a incerteza ainda presente sobre o desenho final” do projeto a ser aprovado pelo Congresso. Ao mesmo tempo, afirma que a proposta, aliada à reoneração dos combustíveis, “reduziram parte da incerteza advinda da política fiscal”.

Assim, o Copom reafirma que seguirá “vigilante”, ainda sem sinalizar alguma redução da taxa. Pelo contrário: diz que poderá aplicar aumentos, dependendo do comportamento da inflação. “O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária”, acrescenta.

“É uma insensibilidade social!  O crédito continuará caro e atrasando a recuperação da economia”, afirmou, em nota, o presidente da Força Sindical, Miguel Torres. “A taxa exorbitante impõe severos sacrifícios à atividade econômica e representa entrave para as condições de crédito, prejudicando os investimentos das empresas e o consumo das famílias.”