O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MP-RJ), e a Polícia Civil deflagraram, na manhã desta quarta-feira (3), a Operação Epilogue, em que foram cumpridos 13 mandados de prisão preventiva e outros 25 de busca e apreensão contra integrantes da organização criminosa conhecida como “milícia do Tandera”.
De acordo com as investigações, a organização criminosa é responsável por extorsões, homicídios, ameaças, grilagem de terras, agiotagem, exploração ilegal de areais, lavagem de dinheiro, entre outros crimes, principalmente nos municípios do Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, Queimados e Seropédica.
As investigações também revelaram a formação de uma “coalizão” entre candidatos a cargos eletivos para as eleições de 2020, na região da Baixada Fluminense, e os líderes da milícia.
O Gaeco/MP ofereceu denúncia contra 17 integrantes da quadrilha, dentre os quais estão os milicianos Danilo Dias Lima, conhecido como Tandera. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada da Capital e a ação conta com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MP-RJ).
Ao longo das investigações foi possível apurar que a organização criminosa vem, por meio da prática de atos violentos e da imposição do terror, afirmando sua dominância sobre moradores e comerciantes das regiões por eles dominadas. Nas contas de armazenamento cujos sigilos foram quebrados, foram identificados vídeos com cenas de episódios de tortura e execuções sumárias, praticadas de forma cruel.
A organização também conta com uma estrutura hierárquica bem delineada, com divisão de funções e tarefas entre seus integrantes. Nos últimos anos a associação criminosa passou a atuar de forma ainda mais complexa, buscando expandir seus negócios espúrios por meio da infiltração no poder público.
Núcleo Político
Por meio das quebras de sigilo de dados telemáticos autorizadas judicialmente foi identificada a gravação de uma reunião entre a alta cúpula da organização criminosa e pré-candidatos à Prefeitura dos municípios de Nova Iguaçu, Queimados e Seropédica.
Em troca do apoio político da milícia em suas campanhas eleitorais, os pré-candidatos, já denunciados, prometeram entregar aos criminosos Secretarias de Governo, nomeações para cargos públicos, além de beneficiá-los em licitações fraudulentas.
Segundo o portal G1, entre os denunciados estão Thaianna Cristina Barbosa Dos Santos, conhecida como Doutora Thay, que foi candidata à prefeitura de Mesquita em 2020; Luciano Henrique Pereira, conhecido como “Luciano Da Rede Construir”, que também foi candidato à prefeitura de Seropédica, e o ex-deputado federal Cornelio Ribeiro, que não chegou a disputar as eleições na prefeitura de Nova Iguaçu. Na casa dele, foram encontrados R$ 450 mil em dinheiro vivo na operação do MP e da Polícia Civil.
Edição: Eduardo Miranda