O mundo político amanheceu nesta quarta-feira (3) com a informação de que a Polícia Federal (PF) realizava operação que chegava diretamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro, à esposa dele, Michelle Bolsonaro (ambos no PL), e outras pessoas ligadas à família. Entre eles, dois assessores muito próximos ao clã: o tenente-coronel do Exército Mauro Cid e o ex-sargento do Bope Max Guilherme. A investigação apura suposta inserção de dados falsos em carteiras de vacinação contra a covid-19.
As carteiras adulteradas teriam sido as do próprio ex-presidente; da filha dele, Laura Bolsonaro; e de Mauro Cid, da filha e da esposa dele. Segundo a PF, as adulterações aconteceram para que os envolvidos pudessem embarcar do Brasil para os Estados Unidos, burlando as normas sanitárias vigentes.
Não houve ordem de prisão expedida contra Bolsonaro, mas os policiais cumpriram mandado de busca e apreensão na casa em Brasília onde o ex-presidente vive desde que voltou ao Brasil. Após a ação dos policiais, Bolsonaro, que teve de entregar seu celular para investigações, disse que "ficou surpreso" com a visita e reforçou o discurso de que não se vacinou.
"Eu não tomei a vacina. Uma decisão pessoal minha. O cartão de vacina da minha esposa também foi fotografado, ela tomou a vacina nos Estados Unidos, da Janssen. E minha filha, Laura, de 12 anos, não tomou a vacina também. Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum, não existe adulteração da minha parte", disse.
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O ex-presidente foi intimado a prestar depoimento formal sobre o caso, o que pode acontecer ainda na tarde desta quarta-feira, em Brasília. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o advogado Paulo Cunha Bueno, que representa Bolsonaro, o orientou a ficar em silêncio sobre o assunto.
Outros envolvidos
No total, seis mandados de prisão preventiva foram cumpridos. Além de Mauro Cid e Max Guilherme, a PF prendeu outros três militares: Sérgio Rocha Cordeiro, que também trabalhou na equipe de segurança de Bolsonaro; Luis Marcos dos Reis, ex-integrante da equipe de Mauro Cid; e Ailton Gonçalves Moraes Barros. Além deles, também foi preso o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias-RJ, João Carlos de Sousa Brecha.
Segundo apuração da TV Globo, consta no sistema do Ministério da Saúde que Bolsonaro teria tomado duas doses da vacina contra a covid em um centro municipal de saúde de Duque de Caxias, nos dias 13 de agosto e 14 de outubro de 2022. Em 21 de dezembro, Brecha teria feito a inserção desses dados no sistema do Programa Nacional de Imunizações, o que comprovaria a fraude caso o ex-presidente realmente não tenha tomado o imunizante.
A operação cumpriu, no total, 16 mandados de busca e apreensão. Entre eles, um contra a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro.
Edição: Nicolau Soares