O 1º de maio, data histórica carregada de lutas por melhores condições de trabalho em todo o mundo está sendo celebrado no Brasil com esperança de recuperar direitos, após anos de restrocessos desde o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. A Reforma Trabalhista é um desses recuos, que em 2017, tirou a força dos sindicatos e flexibilizou direitos.
É nesse contexto que Jandyra Uehara Alves, Secretária de Políticas Sociais e Direitos Humanos da Central Única dos Trabalhadores (CUT) avalia o papel de uma das maiores entidades sindicais do mundo.
"Os sete últimos 1º de maio foram de resistência a ataques e contra retrocessos, tanto em relação aos direitos sociais, econômicos e trabalhistas da classe trabalhadora, mas também pela democracia. A gente, finalmente, em 2022, com muita unidade da classe trabalhadora, graças ao povo pobre, ao povo das periferias, as mulheres, a parcela consciente da classe trabalhadora, a gente consegue eleger o Lula e abrir uma janela histórica, um período de esperança e melhores condições de luta para a classe trabalhadora. Portanto esse 1º de maio ele tem esse gosto da vitória que nós temos que celebrar, mas ao mesmo tempo ele aponta para a enorme responsabilidade da CUT e das organizações da classe trabalhadora e do campo popular, do campo sindical, para que a gente priorize a organização de muita luta social. Porque para o governo Lula avançar nós precisamos ter um período de luta social muito intensa no nosso país", defende a dirigente.
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No final dos anos 70 e início dos anos 80 o país viveu um movimento intenso de greves, articuladas, principalmente em São Paulo, na região do Grande ABC, por metalúrgicos que protagonizaram o movimento. Em plena Ditadura Militar centena de milhares de trabalhaores e trabalhadoras cruzaram os braços cobrando melhores condições e contra o arrocho salarial. Hoje, Jandira vê condições diferentes daquele período em que a CUT foi criada, há 40 anos, com ascenso das lutas. Para ela, atualmente é necessário ir na raiz da disputa de narrativas feitas pelo mercado.
"Hoje o movimento sindical representa uma minoria da classe trabalhadora, ou seja, aqueles que têm carteira assinada ou que são trabalhadores dos serviços públicos via concurso. Quer dizer, a grande maioria da classe trabalhadora que está na informalidade não é representada pelos sindicatos e mesmo aqueles que tem representação sindical, os níveis de sindicalização no país nunca foram tão baixos. Isso por conta do desemprego, por conta desse enfraquecimento não só econômico, mas principalmente político das organizações da classe trabalhadora. Uma das grandes vitórias de combate ao neoliberalismo é ter mexido com a cabeça da classe trabalhadora, que hoje está muito mais individualista, valorizando muito mais a meritocracia, acreditando na balela do empreendedorismo. Nós sabemos que a luta da classe trabalhadora é sempre coletiva."
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A condição do trabalhadores agravou a situação análoga a escravidão em todo o Brasil e é um dos desafios para o sindicato identificar e combater em vários setores. "São nas áreas urbanas com migrantes em oficinas texteis, inclusive no trabalho doméstico. Isso é a ponta de um icebarg com problemas estruturais que ainda permanecem. A primeira coisa que nós da CUT lutamos é pela recomposição e ampliação do quadro de auditores fiscais. E depois que o trabalhador é libertado dessas condições, ele precisa receber um suporte para que não volte. Isso também passa pela revogação da reforma trabalhista, porque isso facilitou as terceirizações, responsaveis pela maioria dos casos de trabalho análogo a escravidão" , pontua a secretária.
A entrevista completa está disponível na edição desta segunda-feira, do programa Bem Viver.
Passa no Postinho
Quem mora em lugares mais distantes dos grandes centros urbanos sofre com um problema crônico: a falta de médicos e médicas nos postos de saúde. Às vezes é necessário um longo deslocamento para conseguir um atendimento, ou uma espera que pode durar meses para realizar uma consulta ou exame.
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Suprir esse vazio é um dos objetivos do Programa Mais Médicos, que foi relançado pelo Governo Federal no mês de março. A iniciativa prevê mais de seis mil vagas para profissionais da medicina. Mas a consolidação do programa ainda é um desafio. Mesmo com a disponibilização de vagas e bons salários, há uma dificuldade para fixar os profissionais nos postos, principalmente em regiões descentralizadas.
Na opinião de especialistas, essa é uma das barreiras a serem superadas por essa nova versão do programa, que enfrenta ainda o desmonte da Atenção Básica deixado pela gestão Bolsonaro. O assunto é tema do quadro Repórter SUS.
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Edição: Camila Salmazio
