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CPIBet: façam suas apostas!

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Presidente do Senado conduziu a sessão do Congresso que confirmou a abertura da CPMI nesta quarta-feira (26) - Lula Marques/Agência Brasil
Olá, o terceiro turno ganha forças com novas CPIs e resta a Lula governar de fora para dentro

 

Olá, o terceiro turno ganha forças com novas CPIs e resta a Lula governar de fora para dentro.

Ninguém sabe como termina. Se o objetivo da CNN com o vazamento dos vídeos do dia 8 de janeiro era fazer a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sair do papel, o plano deu certo. A aposta da oposição é arrastar o governo para o olho do furação, apresentando evidências do envolvimento de pessoas de confiança de Lula com os invasores da Esplanada.

Com isso, o bolsonarismo almeja fazer o governo compartilhar a responsabilidade pelos atos golpistas e, de lambuja, trazer numa bandeja a cabeça de mais um ministro, de preferência Flávio Dino. Nesse cenário, o esforço do novo ministro do GSI, Ricardo Cappelli, em defender a conduta do general Gonçalves Dias só joga mais água no moinho da direita.

Mas a política brasileira costuma escrever certo por linhas tortas. Com os vídeos vazados, o bolsonarismo conseguiu alavancar audiência nas redes sociais, mas não foi capaz de furar sua bolha. Além do mais, é muito improvável discutir o 8 de janeiro sem tocar no nome de Jair Messias. O voo de galinha terminou com uma semana desfavorável para a família Bolsonaro, com o depoimento do capitão na PF, culpando a morfina por seus devaneios golpistas, e as novas revelações do envolvimento de Michelle no esquema das joias sauditas, além da constatação do MPF que houve crime no episódio.

O que lembra a oposição que, apesar da CPMI, os inquéritos da PF e a ação do STF são um contraponto permanente a qualquer tentativa de isentar o bolsonarismo das responsabilidades pelo 8 de janeiro. A base governista no Congresso também entendeu que quem deve temer as investigações são os golpistas e ajudou a aprovar a instalação da CPMI com folga na última quarta (26).

Com isso, é provável que o partido de Bolsonaro fique escanteado e o governo obtenha maioria dentro da Comissão, o que não evitará que a CPMI vire um circo e atrapalhe a aprovação de matérias importantes no Congresso. Mas há um outro fator decisivo: quem também tem a perder são as forças armadas, envolvidas até o pescoço no ensaio de 8 de janeiro. E se o governo até agora poupou alguns oficiais e até deve manter o GSI sob comando dos militares, pode ser que a guerra dentro do Congresso altere este quadro, a começar por trazer para a roda o nome do general Heleno.

Ponto Final: nossas recomendações

.Extração de lítio: dá para ser sustentável? Vídeo da agência DW discute os efeitos ambientais e sociais do novo “ouro”, o lítio usado em baterias de smartphones e carros.

.Noites em porões, almoço na caridade. No Repórter Brasil, as violações trabalhistas aumentaram depois da reforma de Michel Temer e, mesmo depois das denúncias, seguem ocorrendo na serra gaúcha. 

.Três vezes suspeito, três vezes inocentado. Na Piauí, a luta de um educador negro preso e acusado apenas com base em uma foto.

.Como se constrói um ministro do STF. Na Agência Pública, os bastidores da escolha de um ministro do STF.

.A política radical de Nina Simone. A Jacobin lembra os vinte anos da morte de Nina Simone, recuperando sua militância socialista.

.Minha perna, minha classe. Documentário conta a trajetória do líder sindical e camponês Manoel da Conceição, perseguido pela ditadura e fundador da CUT e do PT. Disponível integralmente no Youtube.

. O Recôncavo é um quilombo. O escritor Itamar Vieira Junior fala de seu novo livro para o podcast da revista QuatroCincoUm.

Ponto é editado por Lauro Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile.

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho