O maior grupo paramilitar do Sudão, no norte do continente africano, afirma ter tomado o poder no país e assumido o controle do palácio presidencial. Segundo a agência Reuters, o grupo confirma que passou a controlar os aeroportos de Cartum, capital do país, e das cidades de Merowe e El Obeid.
Em meio à aparente tentativa de golpe, o líder do grupo, Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, disse que ou entregará o chefe do exército do Sudão à Justiça ou "será morto".
A ofensiva partiu do grupo chamado Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês). Sua formação ocorreu a partir de milícias acusadas de crimes de guerra no conflito de Darfur. O grupo invadiu um acampamento pró-democracia em 2019 e, segundo médicos ativistas, teria deixado quase 130 mortos.
O Exército regular do Sudão informou que a RSF atacou suas tropas e informou que força aérea do país conduz operações contra o grupo.
Analistas estimam que a RSF tenha cerca de 100 mil integrantes. O grupo alega ter sido atacado primeiro e diz que o Exército abriu fogo com armas pesadas contra uma das suas bases.
Testemunhas relataram mortes
Testemunhas relataram fortes tiroteios por todo o país, elevando a tensão em meio ao que pode ser um conflito generalizado. Médicos disseram à imprensa que há registros de três mortos, além de civis feridos e confrontos armados em bairros residenciais.
Segundo a Reuters, canhões e veículos blindados circularam nas ruas da capital. Há relatos de uso de armas pesadas próximo ao quartel-general do exército e da RSF.
Emissoras sudanesas veicularam imagens de uma aeronave militar voando acima da capital. Confrontos ocorreram ainda na sede da emissora de TV estatal do Sudão, segundo um âncora da emissora informou durante uma breve transmissão.
A companhia aérea Saudi Arabian Airlines informou que um Airbus da empresa "sofreu um acidente" no aeroporto da capital Cartum e suspendeu voos que passem pelo Sudão.
O Ministério das Relações Exteriores do Egito manifestou preocupação com a escalada bélica e pediu moderação às partes. John Godfrey, embaixador dos Estados Unidos no Sudão, pediu um cessar-fogo.
Edição: Sarah Fernandes