Nesta segunda-feira (10) o terceiro governo Lula completou 100 dias. O cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB), Luís Felipe Miguel analisou as marcas deste início de mandato e afirmou que “só com mobilização popular é possível enfrentar a maioria oportunista do Congresso.”
A entrevista ao repórter Afonso Bezerra foi ao ar no programa Central do Brasil desta segunda-feira (10)
Logo nos primeiros meses, o legado golpista e violento do bolsonarismo impôs dificuldades à gestão do governo Lula, e, segundo Luís Felipe Miguel, quando Bolsonaro perdeu as eleições, o movimento de seus apoiadores se dispôs a agir de forma desonesta. “O bolsonarismo derrotado não estava disposto a ingressar no jogo político em uma posição responsável.”
Os atos golpistas do 8 de janeiro mostraram a gravidade do desafio imposto para a administração Lula. “É um governo que se vê com um conjunto de tarefas muito grande, tem a responsabilidade de recolocar o Brasil na trilha da disputa política democrática, combater as desigualdades e reerguer uma economia que foi severamente comprometida pelo descalabro da condição da política econômica durante o governo Bolsonaro.”
:: 100 dias de governo Lula: Dino e Haddad têm destaque entre os ministros presidenciáveis ::
Na visão do especialista, o primeiro ato do governo Lula marcou uma intenção de fazer uma gestão inclusiva, que respeite a diversidade do povo brasileiro e ao mesmo tempo que combata as desigualdades, ainda assim, ele avalia que Lula está em uma posição vulnerável à chantagem que o centrão faz. “A gente vê isso na relação com Lira muito difícil, na manutenção de ministros que já deviam ter sido substituídos diante dos escândalos em que foram envolvidos, como é o caso do Juscelino Filho, da ministra do Turismo Daniela, do Waguinho.”
O problema só deve ser resolvido se o governo apostar em maior mobilização popular para combater a maioria oportunista e fisiológica do Congresso, aponta Luís Felipe. “Eu acho que o que o governo precisa fazer é mostrar a esse segmento, aos movimentos, que está aberto ao diálogo e que está agindo com transparência na medida do possível para satisfazer as suas demandas.”
O cientista político considera que Lula falhou na educação “com essa insistência do ministro Santana de implantar a reforma do ensino médio do governo Temer, reforma imposta por medida provisória que não teve discussão com os estudantes, os educadores e só agora, tardiamente, por causa da pressão muito forte do movimento estudantil e de docentes é que o governo suspendeu”, afirmou. “Ele insistiu em não ouvir os setores envolvidos.”
:: 100 dias: Lula desfez retrocessos ambientais, mas proteção dos biomas não está consolidada ::
Com relação à economia, Luís Felipe Miguel também crítico:
“A proposta que está sendo gestada no Ministério da Fazenda, segundo alguns economistas parece ser uma tentativa de manter o Teto de Gastos de uma maneira amenizada. O Teto de Gastos não é capaz de promover um enfrentamento real do rentismo que é necessário para destravar o desenvolvimento e a justiça social no Brasil.”
Para conferir a entrevista completa, basta assistir ao programa Central do Brasil desta segunda-feira.
Assista agora ao programa completo:
E tem mais:
Internacional
Alana Camoça, pesquisadora no Lab China fala sobre o que esperar da visita do presidente Lula à China
Reportagem
O novo Ensino Médio tem sido alvo de intensos debates e mobilizações. Entre organizações que atuam na educação, a expectativa é de que o governo federal revogue a medida provisória que implantou o novo modelo de ensino, que na visão de estudantes e professoras precariza a educação no país.
Edição: Rodrigo Durão Coelho