O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobrevoou neste domingo de Páscoa (9), áreas atingidas pelas chuvas no Maranhão. Junto ao governador Carlos Brandão (PSB) Lula visitou municípios na região de Trizidela do Vale, a 280 quilômetros de São Luís. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros do estado, as chuvas já deixaram seis mortos.
Ao todo, 64 cidades estão em situação de emergência, cerca de 7.757 pessoas estão desabrigadas e desalojadas e 35.894 famílias foram afetadas até o momento. Na capital, São Luís, 70 áreas de risco estão sob monitoramento e há cidades com risco de desabastecimento de alimentos e falta de combustível. A cidade de Buriticupu decretou estado de calamidade pública.
Em coletiva de imprensa concedida nesta tarde, Lula enfatizou a necessidade de ajuda ao povo maranhense e a importância da união do governo federal, junto ao estado e aos municípios para superar a situação de calamidade pública nas cidades. “Quero dizer ao povo do Maranhão e ao meu querido governador Brandão, que o governo federal não faltará em nenhuma hipótese às necessidades do governo do Maranhão para cuidar do povo desse estado e sobretudo cuidar das pessoas que estão vivendo em uma situação muito desagradável, como as pessoas que tiveram as suas casas alagadas.”
Para Lula é “obrigação moral, política e ética” dos governos cuidar dos atingidos pelas chuvas. O presidente também esteve em um abrigo no município de Bacabal e, segundo ele, a situação é de calamidade. “Eu sei o que esse povo passa, deixar as suas casas, deixar os seus móveis, perder tudo o que tem, perde geladeira, perde fogão, perde cama, perde colchão”.
Diante disso, Lula lembrou que já esteve na cidade de Bacabal no Maranhão em 2009 para prestar auxílio durante uma enchente quando houve a cheia de um rio do município, e avaliou que é necessário convencer as pessoas a residirem em novos locais. “Não é possível construir uma casa num lugar que a gente sabe que vai dar enchente.”
Ao prestar solidariedade aos maranhenses, Lula se recordou dos momentos em que também sofreu com alagamentos. “Eu vim aqui para fazer aquela visita de conforto às pessoas que estão em situação de calamidade, é importante vocês saberem que eu já morei em bairros que enchiam d'água e não era pouco, era um metro e meio e a gente ficava disputando espaço à noite com barata, com rato, e depois a chuva ia embora você tinha que ficar tirando um palmo e meio de lama com sanguessugas nas suas canelas, eu sei o que esse povo passa.”
Lula também criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por ofensas que fazia contra o então governador do estado e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. “Nós acabamos de ter um governo que, ao invés de vir aqui ajudar o Flávio Dino, ele brigava todo santo dia pela imprensa com o Flávio Dino e não trouxe absolutamente nada para o estado do Maranhão. Nada, a não ser ofensa pessoal ao governador e, ofendendo o governador, estava ofendendo o povo do Maranhão”, afirmou.
Waldez Góes, ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, apontou que a integração entre governo federal, estadual e municipais têm ocorrido desde o início. “Estamos atuando desde o primeiro momento junto com as equipes de defesa civil estadual e municipais nos planos de trabalho, até assessorando os municípios nos decretos de situação de emergência”, afirmou. A união se repete em situações de calamidade e desastres naturais em várias regiões do Brasil, como no Acre, no Ceará e em São Paulo, disse o ministro.
O governador do estado Carlos Brandão disse que não tem faltado apoio do governo federal no que diz respeito à alimentação, colchões e água. Durante a coletiva de imprensa, Brandão salientou que não irá desistir de recuperar as áreas atingidas e relembrou a importância do programa “Peixe na Mesa” desenvolvido por Dino quando governador. “Nós não vamos baixar a cabeça, estamos ai com um grande programa criado no governo Flávio Dino que chama ‘Peixe na Mesa’ e o programa de distribuição de cestas. Já foram mais de 700 mil quilos de peixes distribuídos e 220 mil cestas básicas, se precisar nós vamos comprar mais”.
Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, o município de Alto Alegre do Pindaré, localizado a 300 quilômetros de São Luís, está isolado por rodovia. Após acordo com o governo do estado, a Vale disponibilizou um trem para transporte de carga e passageiros até Santa Inês, a 60 quilômetros de distância.
A visita de Lula ao Maranhão também contou com a presença dos ministros das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, além de Waldez Góes. Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública também estava no local para auxiliar a coordenar a ajuda federal.
Para auxiliar estado e municípios do Maranhão no socorro aos atingidos, foram enviados R$12 milhões pelo governo federal.
Edição: Raquel Setz