Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (5), o Procurador-geral da República da Venezuela, Tarek William Saab, não descartou a participação do ex-ministro do Petróleo do país em casos de corrupção na petroleira estatal PDVSA.
"Em relação a investigações em desenvolvimento, a minha característica é não adiantar opiniões, não vou me adiantar sobre esse tema. [...] Então não quero adiantar informação sobre nenhum nome em particular", disse.
Tarek El Aissami foi ministro do Petróleo de abril de 2020 até renunciar após a prisão de suspeitos de corrupção na PDVSA, em meados de março. A operação que investiga possíveis crimes na petroleira afirma que recursos públicos podem ter sido desviados de negociações da estatal.
O Ministério Público da Venezuela também anunciou que apresentou à Justiça 13 novos suspeitos de corrupção em empresas estatais. A maioria deles são diretores de companhias que pertencem à Corporação Venezuela de Guayana (CVG), conglomerado estatal que passou a ser alvo de investigações na segunda fase de operações da Polícia Anticorrupção.
Segundo Saab, 51 pessoas já foram presas desde que as ações contra esses supostos casos de corrupção em diversos setores públicos começaram, no dia 17 de março.
"Até o momento, são 51 pessoas privadas de liberdade por diversos esquemas de corrupção, incluindo o da PDVSA-Cripto, da CVG, e os juízes presos", explicou.
::O que está acontecendo na Venezuela::
Ainda segundo Saab, as investigações chegaram não só à estatal petroleira do país, a PDSVA, e à CVG, mas também à empresa Cartones de Venezuela, cujo diretor, Hugo Cabezas, foi preso na mais recente fase das operações. Membro do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Cabezas já foi governador do Estado de Trujillo e já ocupou cargos em ministério durante o governo do ex-presidente Hugo Chávez.
::Qual a relação do bloqueio com as suspeitas de corrupção na estatal petroleira da Venezuela::
Entenda os casos
Uma operação encabeçada pelo MP e pela Polícia Anticorrupção da Venezuela - órgão criado pelo governo em 2014 - começou investigando a maior empresa estatal do país, a PDVSA, e já chegou a outras estatais.
Na última semana, a CVG se tornou alvo de investigações após a polícia afirmar que "um conjunto de funcionários e empresários [...] poderiam estar envolvidos em graves atos de corrupção administrativa e má administração de fundos".
::Após prisões de funcionários e renúncia de ministro, Maduro promete 'limpar' estatal petroleira::
Integrada por 14 empresas com mais de 20 mil empregados, a CVG atua no setor de mineração, metalúrgico, siderúrgico e hidrelétrico. As investigações na PDVSA, por sua vez, deixaram funcionários públicos e empresários presos, acusados de desviar fundos de negociações petroleiras.
Segundo a Procuradoria-Geral, o esquema consistia em desviar valores provenientes de pagamentos de cargas da PDVSA que eram convertidos em criptomoedas para, em seguida, serem lavados por uma rede de empresários na compra de bens e, principalmente, investimentos no setor imobiliário.
Até o momento, o montante total ou parcial que teria sido desviado das empresas não foi divulgado oficialmente.
Edição: Thales Schmidt