Prevenção

O que você precisa saber sobre o câncer do colo de útero

SUS oferece vacina contra o agente causador, o HPV, exames que detectam a doença e tratamento

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No total, em 2020, a taxa de mortalidade por câncer do colo do útero foi de 4,60 óbitos a cada 100 mil pessoas que têm útero - Pixabay
Em estágio inicial, a doença costuma ser assintomática e, por isso, o rastreamento é necessário

O câncer do colo de útero é o terceiro tipo da doença mais comum entre as pessoas que têm útero, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Para 2023, o órgão prevê 17.010 casos novos, o que representa uma taxa de 13,25 casos a cada 100 mil pessoas, segundo o Relatório Anual 2022 do Inca publicado em 23 de março deste ano. 

Por estado brasileiro, o câncer do colo de útero é o segundo mais incidente nas regiões Norte (20,48/100 mil) e Nordeste (17,59/100 mil) e o terceiro mais presente na região Centro-Oeste (16,66/100 mil). Na região Sul (14,55/100 mil), a incidência da doença ocupa a quarta posição. Por último, na região Sudeste (12,93/100 mil), a quinta posição, mostra o relatório. No total, em 2020, a taxa de mortalidade por este câncer foi de 4,60 óbitos a cada 100 mil pessoas que têm útero.

Segundo Fábio Russomano, ginecologista do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira da Fiocruz, “em estágio inicial, a doença costuma ser assintomática e, por isso, o rastreamento é necessário. Já a doença avançada costuma causar sangramento vaginal anormal, sangramento após as relações sexuais e corrimento com odor desagradável”, alerta Russomano. 

Entre os outros sintomas, é possível haver a ocorrência de sangramento menstrual prolongado, secreção vaginal incomum, sangramento depois da menopausa, dores durante a relação sexual e dor na região pélvica. Nos casos mais avançados, sintomas da doença incluem inchaço das pernas, dificuldade ao urinar ou evacuar e sangue na urina. 

Russomano explica que os sintomas não necessariamente indicam o câncer do colo de útero. Por isso, o médico reforça a necessidade de procurar profissionais e realizar exames. “O câncer do colo do útero é uma doença de longa evolução. Por muitos anos, a doença é precedida por lesões precursoras, assintomáticas, detectadas por um exame de rastreamento: usualmente, o exame Papanicolau e, mais recentemente, em outros países, por testes que detectam a presença de seu agente causador, o HPV”. 

Vacina contra HPV e Papanicolau 

O exame Papanicolau é indicado para a população alvo de 25 a 64 anos, uma vez a cada três anos, após dois exames anuais consecutivos normais, com um intervalo de um ano, conforme as atuais Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer do Colo do Útero no Brasil. Durante a pandemia, a quantidade de exames realizados caiu drasticamente e até o momento não voltou aos patamares anteriores à 2020, ainda que a oferta pelo Sistema Único de Saúde (SUS) seja estável.  

Já a “vacina contra o HPV é destinada a meninas e meninos entre 10 e 14 anos, porque se espera proteger esses adolescentes de uma futura contaminação pelo HPV antes de iniciarem sua vida sexual. As pessoas mais maduras podem usar a mesma vacina, mas como a infecção é muito frequente, é provável que, caso já tenham iniciado sua vida sexual, a efetividade da vacina seja bem menor”, explica o ginecologista. 

A vacina previne contra o Papilomavírus Humano, que infecta pele ou as mucosas oral, genital ou anal de homens e mulheres. A infecção pelo vírus provoca verrugas na região genital e no ânus, além de câncer, a depender do tipo de vírus. Na maioria das pessoas, no entanto, a infecção não apresenta sintomas. Em alguns casos, o vírus pode até mesmo ficar latente entre meses e anos, sem manifestar sinais.  

Sistema Único de Saúde 

Tanto o exame Papanicolau quanto a vacina contra HPV são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), bem como o tratamento para o câncer de colo de útero. O Papanicolau é simples e rápido. Realizado preferencialmente em uma unidade de saúde, é introduzido o instrumento chamado espéculo na via vaginal, pelo qual o profissional visualiza o colo do útero e faz a coleta do material. Por fim, as amostras são enviadas para análise em laboratório especializado em citopatologia. 

O tratamento para o câncer também é realizado pelo SUS. Entre os procedimentos mais comuns estão a cirurgia e a radioterapia, mas isso dependerá do estágio da doença, do tamanho do tumor e de fatores pessoais, como idade e desejo de preservação da fertilidade. 

“Para lesões invasivas pequenas, menores do que 2 cm, devem ser consideradas as cirurgias mais conservadoras, evitando-se assim as complicações e morbidades provocadas por cirurgias mais radicais”, informa o Inca. Para os estágios mais avançados, com lesões maiores, por exemplo, recomenda-se o tratamento combinado de radioterapia com quimioterapia e posteriormente a braquiterapia, que é um tipo de radioterapia interna e localizada. 

Edição: Rodrigo Durão Coelho