A tensão entre Argentina e Equador aumentou nos últimos dois dias, após a revelação por parte da imprensa equatoriana que a arquiteta María de los Ángeles Duarte, ex-ministra do governo de Rafael Correa, teria ingressado na embaixada da Argentina em Caracas.
A situação escalou ao nível de que ambos os governos decidiram expulsar os respectivos embaixadores: na terça-feira (14/03), o argentino Gustavo Fuks foi declarado persona non grata pelo governo do Equador, e obrigado a deixar o país, medida que foi rebatida nesta quarta-feira (15/03), quando Buenos Aires anunciou a expulsão do embaixador equatoriano Xavier Monge Yoder.
A polêmica se dá pelo fato de que Duarte estava vivendo desde agosto de 2020 na embaixada da Argentina, mas não na da capital venezuelana, mas sim na de Quito.
Para entender a história, é preciso começar contando que a ex-ministra foi condenada em 2019 pela Justiça equatoriana, recebendo uma sentença de oito anos de prisão, por supostos delitos de corrupção. Assim como Correa, ela acusa os juízes e promotores locais de operarem um esquema de lawfare contra representantes do antigo governo.
Também como Correa, que se asilou na Bélgica, a arquiteta buscou asilo, e o encontrou na sede diplomática argentina em Quito. A condição de asilada só foi confirmada oficialmente pela Casa Rosada em dezembro de 2022. Com esse novo status, os diplomatas argentinos chegaram a pedir ao Equador um salvo-conduto para que ela pudesse viajar a Buenos Aires, mas a solicitação foi negada.
Porém, tudo mudou de figura nesta segunda-feira (13/03), quando circulou na imprensa equatoriana que Duarte estava em Caracas. Horas depois, o chanceler argentino, Santiago Cafiero, confirmou a informação de que a ex-ministra equatoriana havia ingressado à sede diplomática argentina na capital venezuelana.
Ainda na terça, Quito acusou os diplomatas argentinos de ajudar na fuga de Duarte, e usou esse argumento como justificativa para a expulsão do embaixador Fuks. Segundo o chanceler equatoriano, Juan Carlos Holguín, “a versão que Buenos Aires nos deu tinha muitas inconsistências, além do fato de que a saída da prófuga de seu asilo sem que isso fosse informado ao governo local é absolutamente injustificável”.
O Ministério de Relações Exteriores argentino respondeu dizendo que a arquiteta deixou a embaixada de Quito por decisão própria sem informar para onde iria, mas que as autoridades locais foram sim colocadas a par da situação.
“O governo da Argentina recebeu com surpresa e profunda tristeza a decisão do Equador de intensificar o conflito existente sobre a situação da senhora María de los Ángeles Duarte e levá-lo ao nível do cesse das relações bilaterais”, afirmou o comunicado.
Contudo, o parágrafo final do documento afirma que a Casa Rosada “continuará atuando no pleno respeito aos protocolos internacionais aplicáveis e estará sempre disposto a dialogar com as autoridades equatorianas para encontrar respostas mutuamente aceitáveis a esta situação, com o objetivo permanente de fortalecer as nossas relações”.