Com aval do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o Metrô de São Paulo decidiu alterar o nome da futura estação da linha 2-verde de Paulo Freire para Fernão Dias. A decisão foi tomada por dirigentes da empresa controlada pelo governo paulista em janeiro de 2023, após uma pesquisa de opinião com moradores de regiões próximas à estação.
De acordo com o Metrô, o nome de Paulo Freire era apenas provisório para a criação de referências nos projetos, até a confirmação pelas pesquisas. A mudança, que surpreendeu funcionários da empresa, de acordo com apuração do jornal Folha de S.Paulo, pretere o educador em detrimento do bandeirante paulista.
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Patrono da educação brasileira, Paulo Freire (1921-1997) é considerado um dos principais educadores do mundo. Seu principal livro, "Pedagogia do Oprimido", figura entre as cem obras mais citadas em língua inglesa, de acordo com o Google Scholar, plataforma voltada à produção científica.
Sob o governo de Jair Bolsonaro (PL), o intelectual se tornou alvo de constantes ataques do então presidente e de seus apoiadores. Ainda durante a campanha à Presidência, Bolsonaro afirmou que pretendia excluir os métodos de Freire das escolas.
Já o bandeirante Fernão Dias (1608-1681) teve uma trajetória atrelada à exploração de indígenas. A futura estação está prevista para ser construída em um ponto da avenida Educador Paulo Freire, na capital paulista, próximo à rodovia Fernão Dias.
O Metrô justifica a medida afirmando que o nome Fernão Dias teve 57% das preferências na pesquisa, ante 29% de Paulo Freire e 14% de Parque Novo Mundo. A mudança de nome gerou polêmica e críticas de grupos ligados à educação e aos direitos humanos, que lamentaram a escolha em detrimento de Paulo Freire, um símbolo da luta pela educação popular e pela democracia. Em nota enviada à Folha de S.Paulo, o Metrô afirmou que a mudança já foi oficializada e que a estação será inaugurada em breve.
Conheça trajetória de Paulo Freire:
Edição: Vivian Virissimo