Cerca de duas mil mulheres percorreram as ruas do centro de Curitiba cobrando o fim dos despejos e direito à moradia e à terra, nesta terça (7). A ação foi organizada pelas mulheres da Articulação Despejo Zero Paraná. O ato faz parte das mobilizações do 8 de março, Dia Internacional das Mulheres.
Com o lema "Mulheres em resistência, contra todas as formas de violência. Por Terra, Teto e Trabalho, por democracia e sem anistia", a manifestação terminou em frente ao Palácio das Araucárias, no Centro Cívico. Dentro do Palácio, um grupo de mulheres entregou uma pauta de reivindicações a autoridades municipais e estaduais.
Bruna Zimpel, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), lembrou, durante a audiência, que no Paraná são cerca de 20 mil pessoas camponesas em áreas irregulares e cerca de 80 imóveis ocupados, muitos destes há mais de 10 anos.
"Todas as áreas ocupadas têm condições jurídicas para avançar na regularização. Temos terras improdutivas, áreas públicas, áreas confiscadas, terras de devedores da União, terras já ofertadas ao Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária], terras do Estado do Paraná", apontou.
Representando o Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Mariana Kauchakje afirmou que "a questão da moradia, no Brasil, é uma questão de gênero".
"Mais de 60% das casas que compõem os espaços de ocupação são chefiadas por mulheres. Mulheres que tiveram que tomar a difícil decisão de parar de ter que todo mês não saber se vão pagar aluguel ou alimentar um filho. E elas tomaram a decisão corajosa de ocupar um vazio urbano, porque o Estado não fez por elas, falhou com elas", disse.
Estiveram na audiência os desembargadores do Tribunal de Justiça Maria Aparecida Blanco e Fernando Prazeres; Roland Rutyna, superintendente Geral de Diálogo e Interação Social do governo do estado (SUDIS); Nilton Bezerra, superintendente do INCRA/PR; Aline Bilek e Regis Sartori, do Ministério Público Estadual (MP/PR), além parlamentares e prefeitos.
Ao final da audiência, houve partilha de 800 cestas de alimentos oferecidas pelas camponesas Sem Terra para moradoras de ocupações urbanas.
A Articulação Despejo Zero é formada por movimentos e coletivos, entre eles o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento Popular por Moradia (MPM), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o Movimento de Trabalhadores Por Direitos (MTD); a União de Moradores e Trabalhadores (UMT); e Movimento de Organização de Base (MOB-PR).
Fonte: BdF Paraná
Edição: Frédi Vasconcelos