No último ano, um em cada quatro casos de feminicídio no Rio de Janeiro aconteceu na Baixada Fluminense. Os dados são do boletim anual "Feminicídios e Segurança Pública na Baixada Fluminense", divulgado pela organização Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR) para marcar o 8 de março, Dia Internacional das Mulheres.
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Foram registrados 110 mortes por feminicídio no estado no último ano. Do total, aproximadamente 24% aconteceram na Baixada Fluminense. Segundo o IDMRJ, a região teve um aumento de 67% nas mortes de mulheres em comparação ao ano anterior.
Duque de Caxias concentrou 23% dos casos de feminicídios na Baixada, seguido por Belford Roxo (19%) e Nova Iguaçu (17%). O documento aponta que o domínio das milícias nesses territórios é um impedimento para as mulheres registrem dos casos.
"Duque de Caxias continua sendo historicamente o município com as maiores taxas de feminicídios e violência contra a mulher na Baixada. Dentro desses territórios, a população é cerceada e a lei do silêncio impera, já que qualquer comentário sobre feminicídios e violência contra mulheres são duramente reprimidos pelo poder local", diz o texto do boletim.
Para a pesquisa, a IDMJR utilizou dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) e realizou uma etapa de escuta coletiva com mulheres negras que já sofreram algum tipo de violência de gênero na Baixada Fluminense. A região compreende 13 municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro. A organização ressalta ainda que a maioria das vítimas mulheres negras, em idade adulta e moradoras de favelas e periferias.
Além do boletim, a organização lançou o podcast "Feminicídios e Segurança Pública – O papel das Polícias e a Execução de Medidas Protetivas" que discute o enfrentamento ao feminicídios pelo viés da política de segurança.
"Não é possível realizar o enfrentamento aos casos de feminicídios sem entender o funcionamento da Política de Segurança Pública do Estado. Uma política pautada no racismo institucional e que cotidianamente promove o genocídio do povo preto", afirma a organização. Leia o boletim completo.
Edição: Clívia Mesquita