O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recebeu neste domingo (5) em Caracas diversos líderes políticos de distintos países para debater o legado do ex-mandatário Hugo Chávez, morto há dez anos, em 5 de março de 2013.
Os ex-presidentes de Cuba, Raúl Castro, da Bolívia, Evo Morales, do Equador, Rafael Correa, e de Honduras, Manuel Zelaya, estiveram presentes no encontro.
O líder cubano destacou os laços de Chávez com Cuba e com o ex-presidente Fidel Castro, quem classificou o venezuelano como "o melhor amigo do povo cubano".
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"Uma das fortalezas de Chávez era sua lealdade aos princípios que assumia e o povo cubano identificou rapidamente as qualidades de Chávez", disse.
Raúl ainda condenou as sanções e o que chamou de "guerra econômica" dos EUA contra a Venezuela e cumprimentou o presidente Maduro pelo combate à crise no país.
"Fomos testemunhas da liderança de Maduro para continuar a obra de Chávez e sua capacidade de resistir e vencer. Nessa batalha, estive e estarei ao lado do seu povo e ao seu lado, Nicolás, e da união cívico-militar do povo bolivariano e chavista", afirmou.
O ex-presidente do Equador, Rafael Correa, também cumprimentou o governo venezuelano por seguir debatendo os feitos de Chávez e recordou do primeiro encontro que teve com o ex-presidente venezuelano.
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"Eu era ministro da Economia quando disse a Chávez, durante uma cúpula no Paraguai, que o admirava. Ele ficou surpreso, porque naquele momento o Equador vinha de uma longa tradição de governos de direita e já, naquela época, via em mim um aliado", disse.
Evo Morales, ex-mandatário boliviano, também esteve presente e disse "a melhor homenagem a Chávez é ser revolucionário e ser revolucionário é ser anti-imperialista, é não trair as lutas dos povos".
A ideia foi respaldada pelo ex-presidente de Honduras, Manuel Zelaya, que também participou do encontro. Ele criticou o bloqueio dos EUA contra Cuba e Venezuela e os casos de lawfare no Brasil e na Argentina, afirmando que o continente segue unido.
"Enquanto sigam explorando a classe trabalhadora e destruindo o meio ambiente, nós seguiremos aqui lutando e prestando homenagem a quem merece, como Chávez", disse Zelaya.
Nicarágua, Bolívia, Dominica e São Vicente e Granadinas
Os presidentes da Nicarágua, Daniel Ortega, da Bolívia, Luis Arce, e os primeiros-ministros de Dominica, Roosevelt Skerrit, e São Vicente e Granadinas, Ralph Gonçalves, também se reuniram com Maduro e prestaram homenagens a Chávez.
Arce afirmou que o surgimento do movimento chavista deu um impulso às esquerdas latino-americanas no final dos anos 1990, que estava enfraquecida pelos governos neoliberais que dominavam a região.
"Chávez nos devolveu a esperança aos velhos socialistas que víamos Cuba ser o único baluarte do socialismo. Depois vimos Cuba e Venezuela caminhando juntas na construção desse socialismo que hoje ilumina a América Latina", disse.
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Ortega, por sua vez, também traçou paralelos entre as trajetórias de Chávez e Fidel, afirmando que ambos são expressões do pensamento anti-imperialista no continente.
"Chávez é a síntese das lutas das quais o povo venezuelano participou desde que chegaram os invasores espanhóis até que finalmente veio a vitória pela via eleitoral", afirmou o presidente nicaraguense.
Intelectuais e dirigentes políticos
Mais de 200 intelectuais e dirigentes políticos de vários países também participaram do ato deste domingo.
Representando o Brasil, estiveram presentes o dirigente do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stédile e o escritor Fernando Morais.
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Além disso, a Rede de Intelectuais e Artistas em Defesa da Humanidade emitiu um comunicado que foi lido pelo intelectual argentino Atilio Boron.
"Na segunda fase desse ciclo progressista que hoje se consolida em nossa América, temos que nos reafirmar com Chávez sobre o anti-imperialismo e o socialismo, estudar seu legado, difundi-lo e honrá-lo, continuando o combate por um mundo livre e justo", disse o coletivo.
Edição: Thales Schmidt