O presidente da Rússia, Vladimir Putin, prometeu seguir adiante com a guerra na Ucrânia, que completa um ano em 24 de fevereiro, e anunciou a suspensão da participação do país no tratado de desarmamento nuclear Novo START. Nesta terça-feira (21) ele proferiu seu discurso anual sobre o Estado da Nação para a Duma e o Conselho da Federação - duas câmaras do Poder Legislativo russo.
Sobre a economia, Putin manteve o discurso de que as sanções afetaram mais os EUA e a União Europeia do que a Rússia, apesar da queda de 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no último ano.
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Guerra
O presidente russo culpou o Ocidente pelo início da guerra na Ucrânia e disse que o conflito irá continuar. Vladimir garante que os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) deixaram evidente que seu objetivo "é a derrota estratégica da Rússia".
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"Passo a passo, com cautela e consistência, vamos solucionar as tarefas diante de nós", declarou.
As forças russas sofreram três grandes reveses nos campos de batalha desde o início do conflito, mas ainda controlam cerca de um quinto do território ucraniano.
"O povo da Ucrânia se tornou refém do regime em Kiev e seus senhores ocidentais, que ocuparam o país no sentido político, militar e econômico", disse Putin.
Outra evidência de que o governante russo espera que a guerra seja um conflito de longa duração foi a promessa aos militares de duas semanas de férias do front a cada seis meses para que os soldados tenham "oportunidade de visitar familiares e amigos".
Tratado Nuclear
O chefe de Estado russo afirmou que a companhia estatal de energia nuclear Rosatom precisa garantir que o país esteja pronto para testar uma arma nuclear, se necessário. "É claro que não seremos os primeiros a fazê-lo. Mas se os Estados Unidos testarem, nós também o faremos", disse.
Segundo o mandatário, o nível de força de dissuasão nuclear da Rússia com os sistemas mais recentes é de 91,3%.
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O Novo START foi assinado em 2010, na República Checa, entrou em vigor no ano seguinte e, em 2021, logo após Joe Biden assumir a presidência dos Estados Unidos, foi estendido por mais cinco anos.
No tratado, Moscou e Washington se comprometeram a reduzir seu arsenal a 1.550 ogivas nucleares, além dos sistemas de lançamento – como mísseis intercontinentais, mísseis instalados em submarinos e aviões bombardeiros – a 800. O acordo ainda permitia a cada parte realizar até 20 inspeções por ano no país cossignatário. Mas na prática, o lado russo nunca pôde verificar o arsenal da Otan, acusou Putin.
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Para justificar sua suspensão, o presidente russo disse que Washington também busca realizar testes com armas nucleares e quer controlar os operativos nucleares de Moscou.
"Que uma coisa fique clara a todos: quanto maior for o alcance do armamento fornecido à Ucrânia, mais nos veremos obrigados a afastar a ameaça de nossas fronteiras", declarou Putin.
O diretor geral da Otan, Jens Stoltenberg disse que "lamenta" a decisão da Rússia. "Durante os últimos anos, a Rússia violou e saiu de acordos chave sobre o controle de armas. Com a decisão de hoje sobre o Novo START, toda a arquitetura de controle de armas foi desmanchada", declarou o chefe da Otan durante coletiva de imprensa.
Presente há quase 40 anos no cenário político da Rússia, este foi o 18º discurso sobre o estado da nação proferido por Putin. O último havia sido em abril de 2021. Em 2022, por conta do início do conflito armado, não houve balanço de gestão.
Edição: Patrícia de Matos