As marchinhas de carnaval são tão populares que mesmo quem não curte muito o carnaval, certamente, conhece, ao menos, trechos de algumas das mais famosas. Mas a origem dessas músicas tão tradicionais da festa brasileira ainda é desconhecida para boa parte da população.
Uma das mais famosas, e considerada a primeira marchinha da história, foi composta por uma mulher, que é considerada por muitos a mãe da música popular brasileira: a compositora, instrumentista, primeira maestrina brasileira e autora teatral, Francisca Edwiges Neves Gonzaga, a eterna Chiquinha Gonzaga.
O Programa Bem Viver desta terça-feira (21) conversou com a biógrafa da artista, a pesquisadora e escritora Edinha Diniz. Ela fala do simbolismo de Chiquinha Gonzaga para o carnaval, mas também conta sobre outros aspectos muito interessante da vida dessa mulher negra transgressora, que, assim como outras personalidades, foi embranquecida pela história.
“Chiquinha Gonzaga era uma transgressora. Ela recusa o destino traçado pelo pai, que a preparou para ser uma dama da corte, com conhecimento de música, de piano, de francês, tudo que era permitido a uma sinhazinha naquela época. Teve um casamento arranjado. E larga o lar com os filhos e vai viver uma paixão. E sem essa experiência ela não seria a criadora de música, a compositora que foi”, conta Edinha.
Chiquinha sofreu uma ação judicial e foi sentenciada como adultera. Nessa mesma época, ela se profissionaliza e dá início a uma carreira como professora de piano, compositora de músicas, maestrina e, no final da vida, como líder de classe ao fundar a primeira sociedade protetora e arrecadadora de direitos autorais de músicos no Brasil. “É uma carreira triunfal para uma mulher que foi marginalizada”, ressalta a biógrafa.
O programa desta terça também trata da reação de movimentos sociais e pesquisadores à liberação de 48 agrotóxicos na última semana. Eles cobram o governo de Luiz Inácio Lula da Silva por mudanças nas regras dessa política.
A especialista em agroecologia e agricultura sustentável Ceres Hadich, que integra a Direção Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), afirma que a liberação é preocupante e ressalta que o Brasil está na contramão do desenvolvimento sustentável.
"Esse processo de liberação dos agrotóxicos é a continuidade de uma política de passar o boi e a boiada, que já vinha sendo aplicada pelo governo Bolsonaro. Ela é muito mais impulsionada por esse processo anterior, que tinha como prerrogativa ter todo todos os direitos ao mercado e nada em defesa, função e causa do povo brasileiro. Nós temos acordo com a posição assumida pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida e acreditamos que esse repensar a lógica da agricultura no Brasil, a própria legislação agrícola agrária e o uso de agrotóxicos, como matriz constitutiva da nossa agricultura é urgente e necessário."
Edição: Rodrigo Gomes