Em uma guerra, não há "respostas satisfatórias", destacou a vice-presidenta da Colômbia, Francia Márquez. Durante a Conferência de Segurança de Munique, Márquez foi uma das vozes que destoou dos apelos para uma maior militarização do conflito e por uma aliança irrestrita com a posição dos Estados Unidos.
Nesta segunda (20), Joe Biden fez uma visita surpresa à Ucrânia, onde reforçou seu apoio a Kiev e anunciou novo aporte de ajuda para manter o esforço de guerra ucraniano.
Entre a sexta-feira (17) e o domingo (19), o importante evento da diplomacia mundial reuniu líderes mundiais como o presidente da França, Emmanuel Macron, o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, a vice-presidenta dos EUA, Kamala Harris, e o ex-chanceler chinês e membro do Politiburo, Wang Yi. Não foram convidados representantes da Rússia e do Irã.
Em seu discurso, Harris destacou não ter "ilusões" sobre o futuro da guerra e que os EUA continuarão a "apoiar" a Ucrânia. "Haverá mais dias sombrios na Ucrânia. A agonia diária da guerra persistirá".
Olaf Scholz, que teve seu pedido de envio de munição brasileira para a guerra negada pelo presidente Lula (PT), disse no evento que o conflito ucraniano será um problema global se ficar demonstrado que "a lei do mais forte prevaleceu nas relações internacionais".
Uma outra elaboração
O não alinhamento dos países em desenvolvimento com o Norte Global foi notado por Macron. "Estou muito impressionado com o quanto estamos perdendo a confiança do Sul Global", disse o presidente francês em Munique.
No painel "Em defesa da Carta da ONU e da ordem internacional baseada em regras", a participação de Márquez e do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, garantiu o tom diferente. O chanceler brasileiro destacou que o Brasil "condena fortemente" a invasão, mas destacou também outros pontos.
"Já faz um ano. Temos que tentar construir a possibilidade de uma solução. Não podemos continuar falando apenas de guerra, precisamos discutir algum tipo de solução", disse Vieira. "[Precisamos de uma] atmosfera que leve a algum tipo de entendimento e negociação, caso contrário ficaremos presos nessa posição".
O chanceler brasileiro também defendeu uma reforma da ONU e do Conselho de Segurança da ONU, órgãos que vivem uma "paralisia" de acordo com o chanceler brasileiro.
A primeira-ministra da Namíbia, Saara Kuugongelwa-Amadhila, também participou do painel e ressaltou que além da guerra na Ucrânia, existem conflitos em outros lugares do mundo, como Palestina, Iraque e Iêmen.
"A insegurança não se resolve com armas. A gente precisa encontrar novas formas, essas regras antigas da militarização da vida que estamos vivenciando até agora não respondem mais às demandas humanas. É um anacronismo", diz Márquez.
Edição: Arturo Hartmann