O Carnaval tem início neste sexta-feira (17) e no Rio de Janeiro são inúmeras as opções de blocos para curtir a folia. Apesar dos blocos carnavalescos mais populares desfilarem pela zona sul e centro da cidade, as periferias e subúrbio não ficam para trás.
Exemplo disso é o “Bloco D’águas”, que desfila pelas ruas de Ramos e Olaria, bairros da zona Norte do município. O bloco carnavalesco surgiu de encontros de um grupo de amigos que tinham como objetivo chamar atenção para questões ecológicas e para a defesa da Serra da Misericórdia, localizada também na zona Norte do Rio e conhecida por sua grande quantidade de nascentes de rios. Ele desfila no domingo (26), na praça Ramos Figueira.
O fundador do “Bloco D’águas”, Teo Cordeiro, conta que para um bloco de carnaval acontecer existe toda uma preparação que vai muito além do dia do desfile.
“Ela envolve a comunidade no seu entorno, ela mobiliza as pessoas, ela gera afeto entre as pessoas, sensação de pertencimento daquele território, daquele bairro, daquela rua. E um bloco do subúrbio, por exemplo, que tem uma carência enorme de qualquer tipo de equipamento cultural, de cinema, de teatro, de casas públicas, vira a própria cultura local, é a promoção da cultura feita pelos próprios moradores sem nenhum incentivo público”, enfatiza Teo.
Outro exemplo é o Bloco “Vem Que Eu Tô À Toa”, de Nilópolis, na baixada fluminense. O grupo de carnaval se considera um bloco para todas as famílias e ensina crianças e jovens a tocar os instrumentos. Sem patrocínio, os realizadores fazem rifas, vendem abadás e colocam dinheiro do próprio bolso para levar o bloco às ruas do centro de Nilópolis, no próximo dia 19 de fevereiro, domingo de carnaval.
Para o presidente do bloco, Paulo Henrique, o objetivo do “Vem Que Eu Tô À Toa” é levar diversão e prazer para os moradores da baixada. “Se você não fizer o samba com prazer, não sai samba. A gente quando bota o bloco pra desfilar, a gente vê a alegria do pessoal seguindo o bloco, sem falar que a gente tá levando a cultura do samba que hoje em dia está tão precária. Então, a gente leva um samba para a galera do povão que às vezes não tem condição de descer pra cidade pra curtir o carnaval, então a gente faz ali para a galera”, conta Paulo Henrique.
Já o bloco “Zona Mental”, que desfila pelas ruas de Bangu e Padre Miguel, na zona Oeste, é formado por profissionais e usuários da rede de saúde mental. A proposta é promover a luta antimanicomial e a integração com a comunidade.
A artista plástica, Rogéria Barbosa, compõe a organização do bloco e conta um pouco de como é usar a arte como terapia. “É um momento histórico para a gente, é um momento prazeroso porque a gente sabe que foi trabalhoso a conquista para gente colocar o bloco na rua, é muito suor, muita lágrima, muito estresse, e nós conseguimos. É uma emoção muito grande. Esse ano eu me senti participante mesmo, consegui esquecer minha crise e entrar com a bateria tocando e cantando”, diz.
No bairro da Tijuca, também na zona Norte do Rio, acontece o bloco “Superbacana”, na praça Afonso Pena. O bloco traz a riqueza e diversidade das músicas da Tropicália. Neste ano vai homenagear a cantora Gal Costa, com o desfile intitulado “CarnaGal Eterna”, próximo dia 25 de fevereiro.
Para o músico Dida Mello, cofundador do bloco, a artista sempre possuiu uma relação muito forte com o carnaval. “A gente já faz essa homenagem a Gal Costa dentro desse universo tropicalista, mas a gente vai fazer essa homenagem ainda maior com o ‘Carnagal’. A gente está incluindo em nosso repertório novas músicas dela, que nem são do período tropicalista, mas como uma homenagem a toda a carreira dela, a todo esse legado que ela deixou pra gente na área da música brasileira, da música mundial”, finaliza.
Edição: Mariana Pitasse