O Brasil registrou os anos mais secos desde 1985 entre 2013 e 2021, ano de menor superfície hídrica da série histórica. Os dados são do monitoramento realizado a partir de imagens de satélite pelo MapBiomas Água e divulgados nesta quinta-feira (16).
O levantamento mostra que somente em 2022 é que o país voltou a dar sinais de melhora, com recuperação de 1,7 milhão de hectares de superfície de água.
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Os dados revelam que o Brasil viveu um pico de disponibilidade hídrica em 1991. Depois, passou por um período de estabilidade, mas com tendência de redução, que se confirmou com a perda de 1,5 milhão de hectares até 2021.
Apesar da melhora em 2022, o coordenador técnico do MapBiomas Água, Juliano Schirmbeck, destaca que o cenário é preocupante, principalmente por haver uma variabilidade quando se olha para cada um dos biomas. No Pampa, por exemplo, que é predominante do Rio Grande do Sul, a situação é considerada crítica.
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"Dentro do próprio Brasil, a gente vê variabilidade. A recuperação que aconteceu em biomas como Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia não foi tão representativa nos biomas Pantanal e Pampa. No Pampa, 2022 foi o ano de menor superfície, então é uma situação crítica no Sul do Brasil", destaca em entrevista ao programa Bem Viver desta quinta-feira (16).
No Pantanal, o levantamento mostra que em 2022, a superfície de água anual aumentou pela primeira vez desde 2018. Apesar disso, o bioma ainda passa por um período seco. A diferença da superfície de água com a média da série histórica chega a 60,1%.
Juliano Schirmbeck aponta que o desmatamento é um elemento que deve ser considerado quando se olha para as variações da superfície hídrica. Ele ressalta o papel dos chamados rios voadores que são determinantes para as precipitações na região central do país. O fenômeno depende da umidade gerada na Amazônia. Dessa forma, conforme explica o pesquisador, a redução da área coberta por florestas podem impactar nas chuvas que abastecem os rios e reservatórios de outras regiões.
"Uma série de estudos começa a trazer relações de causa e consequência de que o desmatamento da Amazônia está influenciando no nosso regime de precipitação. A superfície de água é uma consequência da precipitação. Tem menos precipitação, vou ter menos volume de água nos rios, nos reservatórios e menos superfície", pontua.
Prejuízo generalizado
Além do desmatamento, mudanças no uso e cobertura da terra pelo setor agropecuário também é um dos fatores destacados por Schirmbeck.
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"A conversão do ambiente natural para o ambiente agrícola muda a dinâmica de respostas. Hoje, o agronegócio também acaba sendo prejudicado. Grande parte do país trabalhava com o manejo de safra e safrinha, que consiste em plantar uma safra principal e, logo depois, outra com um ciclo mais curto. Uma série de regiões já não consegue mais ou pra fazer essa segunda safra do ano precisa estar irrigando, mais uma vez extraindo o recurso. Então é uma coisa que prejudica a todos, de forma generalizada", avalia.
Todos os biomas perderam superfície de água entre 1985 e 2022, com destaque para o Pantanal, onde a retração foi de 81,7%. Em segundo lugar vem a Caatinga, que já é o bioma mais seco do país e que perdeu quase 19,1%. Mata Atlântica (-5,7%), Amazônia (-5,5%), Pampa (-3,6%) e Cerrado (-2,6%) também ficaram mais secos.
A redução do Pantanal fez com que Mato Grosso do Sul ocupasse a liderança entre os estados com maior perda de superfície de água. A retração foi de 57%.
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Edição: Geisa Marques