“Água é vida e água é o que não existe no Vale das Palmeiras, não existe mesmo”. O desabafo de Luciana Bertolano, mais conhecida como Lanna, é o mesmo de muitos moradores do bairro de Inhoaíba, na zona oeste do Rio de Janeiro, que estão há meses sem água.
Na última terça-feira (7), moradores das comunidades Vilar Carioca, Vale das Palmeiras e Icurana organizaram um protesto para denunciar a falta d'água e o descaso em resolver o problema. Mesmo sob o forte temporal, os manifestantes ocuparam parte da Avenida Cesário de Melo, em Campo Grande, com faixas exigindo providências e denunciando que as comunidades estão há mais de 60 dias sem água.
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À reportagem, Lanna explicou que o problema na região é recorrente, principalmente no Vale das Palmeiras, que não possui saneamento básico. Segundo ela, há quatro anos que mora no local e a água que chega na comunidade é a partir da solidariedade de outros moradores do Vilar Carioca que têm poços ou da mobilização da associação de moradores.
“A gente conta com a solidariedade do pessoal, mas é muita dificuldade porque são muitas pessoas idosas, deficientes, bebês. Para mim, é muito difícil porque estou há quatro anos e apenas duas vezes que vi água quando o pessoal do Vilar Carioca ajudava a gente quando caía água, mas agora, como nem o Vilar tem água, a gente está zerado. Deixamos de comprar um remédio, uma comida, para comprar um carro pipa”, relata a moradora que capta a água da chuva com baldes em casa.
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Segundo a Associação de Moradores e Amigos do Bairro Vilar Carioca, as comunidades afetadas atualmente são Vilar Carioca, Vale das Palmeiras, Novo Horizonte, Costa do Vilar, Sítio dos Sininhos, Sítio dos Caquizeiros, Dicurana e Sítio dos Padres.
Nesta sexta-feira (10), a partir das 19h30, a associação de moradores junto com a organização Quintal Itinerante ocuparão novamente a Avenida Cesário de Melo exigindo providências.
O Brasil de Fato contatou a Rio Mais Saneamento, concessionária responsável pela distribuição de água no bairro de Inhoaíba, para um posicionamento. A empresa respondeu que “no mapeamento online, via Centro de Controle Operacional, não há registro de problema de abastecimento nas regiões citadas”.
A concessionária também solicitou à reportagem um levantamento dos moradores que estão sendo diretamente afetados. A equipe do Brasil de Fato está apurando os atingidos para encaminhar à companhia.
Edição: Eduardo Miranda