Destruição

Terremoto deixa mais de 1.400 mortos na Turquia e na Síria

Equipes de regaste buscam por sobreviventes em escombros depois de abalo de magnitude 7,8 atingir região na fronteira

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Área destruída por terremoto em Jandaris, na Síria - Rami Al Sayed / AFP

Um terremoto de magnitude 7,8 na escala Richter, que atingiu na madrugada desta segunda-feira (06/02) o sudeste da Turquia e o noroeste da Síria, deixou mais de 1.400 mortos e 6 mil feridos.

O abalo ocorreu às 04h17 (horário local) e seu epicentro foi próximo à capital da província de Gaziantep, um importante centro industrial no sudeste da Turquia, com a origem a uma profundidade de 17,9 quilômetros. Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, minutos após o primeiro sismo, outro tremor de 6,7 graus na escala de Richter foi registado a 9,9 quilômetros de profundidade.

O epicentro foi na cidade de Pazarcik, na província de Kahramanmaras, de acordo com o serviço turco de emergências Afad, embora o observatório sísmico de Kandilli aponte para a cidade de Sofalici, na província de Gaziantep, 40 quilômetros mais ao sul. O terremoto também foi sentido no Líbano e no Chipre.

Prédios foram derrubados em uma ampla área de centenas de quilômetros, desde o norte da Síria, em cidades como Aleppo, até o sudeste da Turquia, onde foi afetada a maior cidade da região, Diyarbakir. Equipes de regaste buscam por sobreviventes nos escombros.

Autoridades turcas disseram que o abalo deixou ao menos 914 mortos e mais de 5.000 feridos. Na Síria, o número de mortos chegou a 560 e o de feridos passou de 1.400.

Devido ao tremor, a Itália chegou a emitir um alerta de tsunami para sua costa ao sul. O tráfego ferroviário ao sul da Calábria, Sicília e Apúlia foi paralisado temporariamente de madrugada por precaução. Poucas horas depois da emissão, autoridades italianas retiraram o alerta.

Trabalhos de resgate

Na Turquia, o governo declarou "nível de alarme 4", que clama por ajuda internacional. As baixas temperaturas e a neve na região, onde também há territórios montanhosos de difícil acesso, dificultam os trabalhos de resgate.

Vídeos publicados nas redes sociais mostraram prédios destruídos em várias cidades do sudeste do país. A emissora estatal RTR mostrou os trabalhos de resgate na província em Osmaniye, que correm contra o tempo em busca de sobreviventes nos escombros.

Segundo uma testemunha ouvida pela agência de notícias Reuters, o tremor durou cerca de um minuto. Os abalos também foram sentidos na capital turca, Ancara, localizada a 460 quilômetros do epicentro do terremoto.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse estar em contato com as autoridades locais das regiões afetadas para se informar sobre a situação. "Espero que possamos superar esse desastre juntos o mais rápido possível e com o mínimo de danos", afirmou Erdogan, em redes sociais.

O abalo sísmico, segundo Erdogan, é um dos mais devastadores da história recente da Turquia. "É o segundo mais forte, desde o terremoto de Erzincan, de 1939", acrescentou. O presidente afirmou que foram registrados desabamentos ou danos graves em mais de 2.800 imóveis residenciais, e que havia sido possível resgatar com vida 2.470 pessoas dos escombros.

Um dos símbolos da enorme destruição do tremor é o histórico castelo romano de Gaziantep, que havia sido erguido há mais de 1.700 anos. A CNNTurk mostrou imagens castelo que ficou severamente danificado.

"Situação trágica"

Na Síria, em guerra civil há mais de uma década, as províncias mais atingidas foram Hama, Aleppo e Latakia. A zona devastada se divide entre o território controlado pelo regime de Damasco e o último enclave nas mãos da oposição, que está cercado por forças governo, apoiadas pela Rússia.

O governo sírio afirmou que ao menos 339 pesosoas morreram nas áreas que controla. Há relatos de 221 mortos em regiões controladas pelos rebeldes, que abrigam cerca de 4 milhões de deslocados provenientes de outras partes do país, na sequência da longa guerra civil. 

"A situação é muito trágica, dezenas de prédios desabaram na cidade de Salqin", afirmou um integrante dos Capacetes Brancos, uma organização síria de resgate, em vídeo divulgado nas redes sociais. A cidade citada fica a cinco quilômetros da fronteira com a Turquia.

O presidente sírio, Bashar al-Assad, realizou uma reunião de gabinete de emergência para avaliar os danos e discutir as medidas a serem adotadas.

A emissora estatal síria mostrou imagens de socorristas buscando por sobreviventes nos escombros em meio à chuva forte e granizo. Muitos prédios na região afetada já havia sofridos danos devido à guerra civil no país que já dura quase 12 anos.

Ajuda internacional

Vários países ofereceram ajuda à região afetada. A União Europeia (UE) afirmou que enviará ao menos dez equipes de resgate para a Turquia. O comissário europeu de Gestão de Crises, Janez Lenarcic, disse que Bruxelas ativou o Mecanismo de Proteção Civil do bloco. Equipes da Holanda, Romênia, Croácia, República Tcheca, França, Grécia, Bulgária e Polônia já foram deslocadas para o local atingido.

O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, sublinhou que o bloco europeu está "pronto para ajudar" os países afetados após um "devastador" sismo, que "já ceifou a vida a centenas de pessoas e feriu muitas mais". A Itália, Hungria e Alemanha também ofereceram ajuda.

Ao todo, cerca de 45 países ofereceram ajuda à Turquia, entre eles a Índia, Rússia, Ucrânia e Israel.

Área propensa a terremotos

A Turquia está situada numa das zonas sísmicas mais ativas do mundo. Em novembro, um sismo de magnitude 5,9 atingiu a província turca de Düzce, a 200 quilômetros ao leste de Istambul, deixando pelo menos 68 feridos.

Em 1999, um terremoto de magnitude 7,4 que atingiu Izmit deixou mais de 17 mil mortos. Em 2011, um sismo na cidade de Van deixou 500 mortos.