O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, na manhã desta segunda-feira (6), da cerimônia de posse de Aloizio Mercadante como presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), no Rio de Janeiro. Mais de 10 ministros do governo federal, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) também marcaram presença no evento.
Em seu discurso, Lula refutou mentiras usadas pelo bolsonarismo de que o BNDES emprestou dinheiro a países com governos de esquerda, como Cuba e Venezuela. O presidente ainda ironizou uma auditoria milionária contratada pela gestão de Jair Bolsonaro (PL) que chegou a conclusão que não havia irregularidades nos financiamentos feitos pela estatal.
"O BNDES nunca deu dinheiro para países amigos do governo. O banco financiou serviços de engenharia de empresas brasileiras em nada menos que 15 países da América Latina e do Caribe entre 1998 e 2017. Há, sim, alguns contratos em atraso, todos cobertos por garantia. Mas, o fato é que essas operações deram lucro, além de gerar dinheiro e milhares empregos no Brasil", disse.
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"Vamos ser francos: os países que não pagaram, seja Cuba ou seja Venezuela, é porque o presidente resolveu cortar relações internacionais. Para ficar nos acusando, deixou de cobrar. Eu tenho certeza que no nosso governo esses países são todos amigos do Brasil e, certamente, pagarão a dívida que tem com o BNDES", declarou.
Lula comentou, ainda, a mais recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de aumentar a taxa de juros. As declarações servem como um recado ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicado por Bolsonaro ao cargo e que goza de "autonomia e independência" do governo federal, conforme determinado por projeto aprovado no Congresso Nacional em 2021.
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"Não existe nenhuma justificativa para que a taxa de juros esteja a 13,5%. É só ver a carta do Copom para ver que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira. Muita gente fala que presidente não pode dizer isso. Se eu que fui eleito não puder falar, quem eu vou querer que fale? um catador de material? Não, eu tenho que falar", disse Lula.
Mercadante, no discurso de posse, disse que não pretende disputar mercado com a iniciativa privada e que deseja mais cooperação com os outros países sul-americanos. "Nosso desenvolvimento passa necessariamente pela integração da América Latina e pela parceria com países do Sul Global", afirmou.
"Nosso destino está, portanto, indissoluvelmente ligado ao destino da nossa região. O Brasil é grande, mas será ainda maior quando atuar em conjunto com seus vizinhos. Aloizio Mercadante em posse no BNDES Mercadante também reafirmou compromisso a igualdade racial, e anunciou a construção de um museu sobre a história da escravidão no Rio.
A cerimônia marcou ainda o anúncio os integrantes da diretoria do BNDES. Entre eles, estão estão os ex-ministros de Dilma Tereza Campello e Nelson Barbosa, além de Natalia Dias, Helena Tenorio, Alexandre Corrêa Abreu, José Luis Gordon e Luiz Navarro.
Edição: Rodrigo Durão Coelho