O governo dos Estados Unidos derrubou na tarde deste sábado (4), o balão chinês que sobrevoava a costa da Carolina do Sul. Antes da operação, a agência federal de aviação fechou aeroportos na região.
O objeto aéreo foi visto sobrevoando território estadunidense na última quinta-feira (2), e hoje o Pentágono afirmou ter identificado outro objeto aéreo chinês, agora, na América Latina.
Sem apontar a localização exata do balão, o porta-voz do Departamento de Defesa, Pat Ryder, informou que se trata de “um outro balão de vigilância chinês”.
A descoberta dos dois dispositivos chineses em menos de três dias aumentou a tensão entre os países, fazendo a visita à China do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ser cancelada. O encontro estava agendado para este domingo (5).
Porta-voz do Pentágono, o brigadeiro-general Patrick Ryder disse que o rastreamento do governo dos EUA indica que o balão visto sobre o estado de Montana tem o tamanho de três ônibus e que o objeto “viajou em uma altitude bem acima do tráfego aéreo comercial e não representa uma ameaça física ou militar para as pessoas no solo”.
“Instâncias dessa atividade foram observadas nos últimos anos, mesmo antes deste governo”, completou Ryder.
A China se posicionou em seguida. Segundo a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, a aeronave era de fato chinesa, mas entrou no espaço aéreo do EUA “por causas de força maior”.
“Trata-se de uma aeronave civil utilizada para fins de pesquisa, principalmente meteorológicos. Afetada pelos ventos de oeste e com capacidade limitada de autodireção, a aeronave desviou-se muito de seu curso pretendido. O lado chinês lamenta a entrada involuntária da aeronave no espaço aéreo dos EUA”, disse Ning no comunicado.
A porta-voz afirmou também que a China "nunca violou o território e o espaço aéreo de qualquer país soberano" e que a situação fosse tratada com “cabeça fria".
Biden se retira de coletiva
Em coletiva na manhã deste sábado, o presidente americano Joe Biden ignorou a pergunta de uma jornalista sobre "quando e como removerá o balão". Ele deixou a sala sem responder.
Repórter: "Sr. Presidente, quando e como você removerá o balão espião chinês?"
— Adiilson SP 🇧🇷🏳️🌈 (@adilsonesp) February 4, 2023
Joe Biden: ignora a pergunta e vai embora. pic.twitter.com/5MMORAhslJ
Inicialmente, jatos da Força Aérea americana estavam a postos para derrubar o objeto detectado em Montana. O Pentágono, no entanto, recuou devido aos riscos que os destroços poderiam causar à população civil. A decisão final de abater o objeto veio à tarde. Um fotógrafo da Reuters relatou que viu o momento do ataque: um feixe saiu de um jato e acertou o balão, mas não houve explosão.
Os balões operam normalmente a 24.000 metros, mas o objeto avistado em Montana estava a uma altura de 18.000 metros. Para se ter uma ideia, é raro os aviões voarem acima de 12.000 metros.
Balões e satélites
Apesar de os EUA acreditarem que os satélites chineses têm maior capacidade de vigilância e coleta de informações do que os balões, o entendimento também é que, ao contrário dos satélites - que sobrevoam uma área a cada 90 minutos - um balão tem a capacidade de rastrear um “padrão de vida”, declarou um funcionário do Pentágono à CNN.
Em matéria veiculada pelo The Guardian, o professor de segurança internacional e estudos de inteligência na Australian National University, John Blaxland, justifica a razão que tem levado países a usarem suposto balões espiões em vez de satélites.
“Agora que lasers ou armas cinéticas estão sendo inventados para atingir satélites, há um ressurgimento do interesse por balões. Eles não oferecem o mesmo nível de vigilância persistente que os satélites, mas são mais fáceis de recuperar e muito mais baratos de lançar. Para enviar um satélite ao espaço, você precisa de um lançador espacial – um equipamento que normalmente custa centenas de milhões de dólares”, explicou.
O governo chinês ainda não se manifestou sobre a descoberta do suposto segundo balão neste sábado (4).
Edição: Raquel Setz