Volta à normalidade

Após reunião com Lula, governadores assinam carta: "compromisso com o Estado democrático"

Chefes dos poderes executivos de todas as Unidades Federativas se reuniram com o presidente em Brasília nesta sexta

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

Ouça o áudio:

Lula se reuniu nesta sexta-feira com governadores e governadoras de todos os estados e do DF - Ricardo Stuckert

Governadores e governadoras de todos os estados do país e também do Distrito Federal assinaram nesta sexta-feira (27) um documento conjunto em que reafirmam "compromisso com o Estado democrático de direito e com a estabilidade institucional do país". O texto foi publicado após reunião dos chefes dos executivos estaduais com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio do Planalto.

"A democracia é um valor inegociável. Somente por meio do diálogo que ela favorece poderemos priorizar um crescimento econômico com redução das nossas desigualdades e das mazelas sociais que hoje impõem sofrimento e desesperança para uma parcela significativa da população brasileira", diz um trecho do documento, batizado de "Carta de Brasília" (leia a íntegra no final deste texto).

Mesmo governadores bolsonaristas, como Tarcísio de Freitas (Repúblicanos-SP), Jorginho Mello (PL-SC), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Junior (PSD-PR) participaram do encontro e assinaram a carta. 

"Política mais civilizada"

Essa foi a segunda vez que Lula esteve junto dos chefes de executivos dos estaduais desde que assumiu a presidência. O primeiro encontro aconteceu em 9 de janeiro, dia seguinte aos ataques terroristas de bolsonaristas contra os prédios públicos na Praça dos Três Poderes. 

"Esse é um dos papéis que eu acho que eu posso cumprir nesse país: é tornar a política brasileira mais civilizada, mais humanista, mais democrática e muito mais solidária. Da minha parte, quero que os governadores saibam que a porta do gabinete estará aberta, o telefone estará pronto para atender qualquer demanda", disse o presidente.

Lula afirmou ainda que pretende estabelecer uma nova relação com os entes federados do país. Ele afirmou que pretende ouvir cada governante (incluindo os prefeitos) para receber as demandas locais e colocá-las em discussão.

"Tentar fazer com que o Brasil volte à normalidade, em que conversar não é proibido, reivindicar não é proibido, se queixar não é proibido. Não tem nenhum sentido que um presidente da República visite um estado e deixe de visitar o governador, deixe de visitar o prefeito da capital, da cidade que ele visita, porque pertence a partido diferente, porque tiveram divergência na campanha eleitoral", destacou.

Lula afirmou que, após o fim das eleições, os líderes políticos devem "deixar de ser candidatos" e adotar postura condizente com a condição de chefe de governo. Em claro recado ao antecessor, Jair Bolsonaro (PL), ele garantiu que trabalhará para manter boa relação com representantes de todos os estados.

"A palavra-chave é essa: o Brasil precisa voltar à normalidade. Em cada estado que eu for, eu irei visitar o gabinete do governador, a não ser que ele não queira. Se ele não quiser, não posso fazer nada, não tem como entrar. Não vou fazer que nem os terroristas aí, invadir o gabinete do governador", disse, com bom humor.

Confira a íntegra do texto assinado nesta sexta pelo presidente da República e pelos governadores e governadoras:

Em reunião realizada hoje, 27 de janeiro de 2023, entre os vinte e sete Governadores e Governadoras dos Estados e do Distrito Federal com o Presidente da República, reafirmamos nosso compromisso com o estado democrático de direito e com a estabilidade institucional e social do país. A democracia é um valor inegociável. Somente por meio do diálogo que ela favorece poderemos priorizar um crescimento econômico com redução das nossas desigualdades e das mazelas sociais que hoje impõem sofrimento e desesperança para uma parcela significativa da população brasileira. O encontro de hoje ratificou o desejo de todos para que o pacto federativo funcione em um ambiente cooperativo e eficiente para superarmos os entraves econômicos e para lidarmos com as grandes necessidades do povo brasileiro. Por meio dos Consórcios Públicos, buscaremos resgatar as ferramentas de políticas públicas que facilitem uma gestão compartilhada dos recursos públicos entre a União, Estados e municípios, e que favoreçam o desenvolvimento regional. Juntos criaremos um Conselho da Federação. Nele terão assento representantes da União, dos Estados e dos municípios visando definir uma agenda permanente de diálogo e pactuação em torno de temas definidos como prioritários pelos entes federados. Todos os nossos esforços serão orientados pela agenda do desenvolvimento para superarmos o desemprego, a inflação, a fome e a pobreza em uma agenda integrada e negociada permanentemente.

Assinam:

Luiz Inácio Lula da Silva - Presidente da República
Gladson Cameli - Governador do Acre
Paulo Dantas - Governador de Alagoas
Clécio Luís - Governador do Amapá
Wilson Lima - Governador do Amazonas
Jerônimo Rodrigues - Governador da Bahia
Elmano de Freitas - Governador do Ceará
Celina Leão - Governadora em exercício do Distrito Federal
Renato Casagrande - Governador do Espírito Santo
Ronaldo Caiado - Governador de Goiás
Carlos Brandão - Governador do Maranhão
Mauro Mendes - Governador do Mato Grosso
Eduardo Riedel - Governador do Mato Grosso do Sul
Romeu Zema - Governador de Minas Gerais
Helder Barbalho - Governador do Pará
João Azevêdo - Governador da Paraíba
Ratinho Junior - Governador do Paraná
Raquel Lyra - Governadora de Pernambuco
Rafael Fonteles - Governador do Piauí
Cláudio Castro - Governador do Rio de Janeiro
Fátima Bezerra - Governadora do Rio Grande do Norte
Eduardo Leite - Governador do Rio Grande do Sul
Marcos Rocha - Governador de Rondônia
Antônio Denarium - Governador de Roraima
Jorginho Mello - Governador de Santa Catarina
Tarcísio de Freitas - Governador de São Paulo
Fábio Mitidieri - Governador de Sergipe
Wanderlei Barbosa - Governador de Tocantins

Edição: Nicolau Soares